A segunda etapa Whos?, vai ter como pano de fundo Covilhã, Fundão, Serra da Gardunha e Serra do Açor. O Rogerio e o Miguel já me tinham falado que iriam em breve estudar o percurso. A melhor coincidência foi um dos dias calhar com o dia que eu estava de folga.
Fomos até ao Funão ao encontro do Luis Martins e do Nuno Mourinha e para mostrar como se anda a sério nada mais nada menos que a dulpa Alexandre Guilhoto e Pedro Marques. :)
O percurso delineado era exigente e bastante duro. Todos os são quando a investida é para aquelas bandas, mas este primava por isso: dureza, dureza dureza. Coisas que toda esta malta gosta e não é pouco.
Na minha cabeça eu levava um plano B, pois tinha que estar na Covilhã às 18:00 e com tanto sitio onde iriamos passar, dificilmente conseguiria cumprir a hora.
Saímos do Fundão, mais propriamente do Hotel Principe da Beira às 9:30.
Sempre nas imediações do Zezere, fomos fazendo os primeiros quilometros. Atravessamos as primeiras quintas, chegamos ao Pesinho e mantivemos olho no rio até Silvares.
A entrada em Silvares foi mesmo por aqui....
.... o caminho foi estreitando.....
.... e quase em cima do rio, Silvares estava mesmo à nossa beira e o Ourondo (do outro lado do rio) estava mesmo à nossa frente.
Estavam feitos os primeiros 30 Kms do dia e estava na hora da "bucha". Uns foram à farmácia compra-la, outros traziam o armario dos medicamentos às costas.
Mas a verdade é que nestas voltas ninguem resiste à paragem num tasco.
Depois de Silvares fomos até ao Cabeço do Pião. Estávamos a entrar na zona das Minas da Panasqueira.
No Cabeço do Pião, fizemos uma pequena paragem. O cenário que aqui encontramos é de um certo abandono. Isto porque a exploração principal destas minas de volfrâmio está mais centrada noutra encosta, a da Barroca Grande. Aqui, no Cabeço do Pião foi instalada no inicio do sec. XX a primeira lavaria mecanizada do complexo mineiro. Sendo instalados "teleférico" que transportavam em baldes todo minério proveniente das outros pontos de exploração das Minas da Panasqueira. Para dar uma ideia da dimensão que este complexo mineiro já teve, nos anos 40 chegou a empregar quase 6000 trabalhadores.
Uma pequena visita pode ser feita aqui no Jornal de Noticias.
Teleferico Barroca Grande - Cabeço do Pião
(Retirada do blog www.carlosdelasheras.blogspot.pt)
Eu pelo menos, fico sempre a pensar no que isto foi, no que isto é agora. Na vida que esta zona já teve, nas histórias, em tudo...... Na importância que teve, na grandeza que já foi.
Descemos ao rio, mas não o atravessámos. Entramos na zona de pedra, aquela pedra miudinha partida e triturada. O caminho é feito aí...
Ao longe já nos habituamos aquele monte de pedras, mas quando lá estamos temos uma noção diferente de toda aquele dimensão. À beira do Rio Zêzere, continuámos no nosso caminho.
Acaba por ser um caminho bem batido, rápido e bem divertido.
Na receita, segue-se o singletrack até à Barroca e ali sim, chegou a hora de mudar de margem.
Claro que aqui temos várias formas de mudar de margem, a pé ou a cavalo, na ponte de cima ou na ponte de baixo, em duas rodas ou somente numa.... (Mas não é para todos!!)
Já na outra margem tivemos direito a um pequeno sobe e desce, sempre com vista para o rio. Sempre com uma paisagem linda. É um prazer muito grande ter a possibilidade de andar por estes montes e vales. Acaba por ser o quintal de quem mora nestas bandas. Um imenso quintal que conseguimos em cada volta descobrir um pouco melhor.
Passámos por Dornelas do Zêzere e entrámos no concelho da Pampilhosa da Serra. A passagem foi fugaz, pois ainda não estava na hora de irmos novamente a nenhum tasco. Dornelas do Zêzere e bicicletas associo sempre a uma grande "calina". A primeira vez que por aqui passei ainda me recordo do calor que apanhei com o Mané e com o Coelho quando fizemos a GR22. Na investida da GR22 mas desta vez no sentido contrário com a malta do CMG, voltamos a apanhar muito calor aqui. Que bem que soube o fresco da sede da associação onde comemos a "bucha".
Desta vez começámos a subir por um caminho diferente, rumo à Portela de Unhais. Em vez de subirmos pela encosta do Machalinho, onde tem uma bonita subida de asfalto, subimos pelo vale ao lado. Uma potente subida de terra que passa pela Povoa da Raposeira onde fizemos uma paragem na Rua do nascente da fonte.
A bonita subida em terra tem este aspecto que podemos ver nas fotos e como consequência uma bonita paisagem.
Chegamos então à Portela de Unhais e consequentemente a segunda paragem num tasco. Há coca-colas que sabem tão bem.....
Descemos a Unhais-oVelho e entramos num caminho bem giro à beira do Rio Unhais. Esta linha de água é a linha de água da imponente Barragem de Santa Luzia.
Este bonito trilho levou-nos até às Meãs e como não podia deixar de ser, a seguir às Meãs a receita é subir. Subir e bem!!
Começámos em asfalto.....
.... e logo entrámos em terra.
A subida continuou. Estes caminhos já são nas encostas da Serra do Açor, mais propriamente do picoto da Cebola. As horas passavam, os quilómetros e o desnível vencido acumulavam-se aos poucos. O meu plano B, que era descer à Covanca, subir pela Malhada Chã ao São Pedro do Açor e dali fazer a crista para as Pedras Lavradas e fazer asfalto até à Covilhã, estava a ficar comprometida. Teria de pensar em outra forma de cumprir o horário para chegar antes das 18:00.
No fim desta parte da subida, parámos para agrupar e para contemplar as magnificas vistas que se têm daqui.
Antes de começar a descer para o cruzamento de Camba e Covanca, vi que o melhor plano B a fazer seria não descer com a malta para a Covanca. Foi o que fiz. Decidi tão em cima da hora que nem me despedi de todos pois já iam lá em baixo....
Barragem do Alto Ceira
Optei por continuar a subir a Cebola e depois descer para o Sobral de São Miguel e fazer um misto de asfalto e terra até ao Tortosendo.
A subida não é meiga. Digamos que as três subidas desde Dornelas são tão seguidas que praticamente é só uma. Uma subida que em 18 Kms nos faz vencer quase 1400 metros de desnível. É das boas e tem umas vistas espectaculares.
Com a Covanca aos pés, avistava-se mesmo a Noroeste o São Pedro do Açor e a subida que o resto da malta iria fazer.
A subida que me calhava na rifa, já a conhecia de outra altura. Da altura em que me enganei e trouxe mais 3 enganados atrás de mim. Prometia-lhes uma descida longa, mas tiveram duas (com uma subida extra, claro). Acho que foi essa volta que fez o click para outras tantas.
Entretanto a subida continuava e lá no fim, tinha de ir por a cereja no cimo do bolo, isto é ir picar o ponto ao picoto da Cebola. Da ultima vez que cá tinha vindo tinha subido (em Outubro) por São Jorge da Beira, tinha lá colocado umas pedras para por a maquina a tirar uma foto. Ainda lá estavam bem alinhadas e serviram outra vez para o mesmo efeito.
Seguia-se a (recente) descida pela crista de aerogeradores. Estava bastante vento e a descida com o terreno falso como é aquele tinha de ser feita com mais cautela, pois estava ali sozinho.
Ao longe avistava-se a subida que o Miguel, Rogerio, Pedro, Alex, Luis e Nuno estariam a fazer. Ainda afinei a vista algumas vezes, mas não consegui distinguir nada por lá.
Ao chegar à ultima eólica, temos o caminho para o Sobral de São Miguel, temos as Pedras Lavradas mesmo ali ao lado e o caminho que fiquei tentado fazer da ultima vez, mas a falta de tempo e por estar sozinho deixei para outra altura.
Ora se da ultima vez estava sozinho e já era tarde não sei o que me deu na cabeça para lá ir agora. Estava novamente sozinho e com horário para cumprir. O caminho era apetecível, pois é um pequeno carreiro que se tivesse sorte me levaria às Pedras Lavradas.
A verdade é que o caminho cada vez se desviava mais da zona para onde eu pretendia ir. Como se isso não bastasse, olhei abaixo do caminho e vi uma ruína. Pensei assim "se ali havia uma casa, deve haver caminho", como estava mais no alinhamento do que queria fazer, meti mãos à obra. Bicicleta literalmente às costas e comecei a descer até à ruína da casa. Caminho aqui, nem vê-lo!!!! Que péssima ideia a minha!!! Além de ter de voltar atrás, era a subir, tinha de levar a bicicleta às costas, pois o terreno nem para levar a bicicleta ao lado servia. Enfim.....
Passados 45 minutos desde que tinha saído do caminho principal ali estava eu outra vez, mas com uma diferença. Ainda com menos tempo de chegar a horas, mais cansado, com as pernas todas arranhadas e com uma neura que só visto.....
Assim que desci ao Sobral de São Miguel, segui logo rumo ao Tortosendo. Fiz o resto em alcatrão com excepção de Casegas para o Paul que a estrada dá uma volta grande e eu preferi atalhar por terra.
E foi na bonita aldeia de Sobral de São Miguel (terra de gente boa) a ultima fotografia do dia.
Terminei o meu dia com 105 Kms e com 3000 metros de desnível vencido. Pensei logo, o resto da malta hoje vence 4000 de desnível. Não me enganei.... Grandes maluuucos :)
5 comentários:
Caro Tiago,
Já no post de Outubro passado em que por aí passaste (no Açôr) deixei uma mensagem sobre o carreiro. Falo do que podes apanhar depois de teres feito as eólicas na descida do pico da Cebola (quarta e quinta foto a contar do fim). Eu, como na altura te disse, fi-lo a descer (vinha do S. Pedro do Açor e ia fazer o inverso, subindo pelas eólicas até à Cebola para seguir para a barragem de Sta. Luzia). De facto, para quem sobe, inicialmente o carreiro vai em direcção Norte (é o que mostras na foto) ma depois vais contornar a colina em frente pela esquerda e subitamente faz um cotovelo ainda mas para a esquerda (direcção Nordeste), passando por um riacho de dois palmos (que é o rio Ceira a nascer). Quer dizer, para apanhares o estradão lá em cima entre S.Pedro do Açor e as Pedras Lavradas tens mesmo que te afastar na direcção contrária a Sobral de S. Miguel. Quer dizer, o carreiro faz um "V", em que no vértice tens o riacho. O carreiro vai entroncar no estradão mesmo por cima de Châs de Égua. No riacho há um "trail" para caminhadas que vai em sentido Noroeste ou mesmo Oeste. Às tantas foi por aqui que tentaste descair para a direita tentando chegar a Sobral de S. Miguel.
Por último, reconheço que o carreiro tem que se fazer em grande medida com a bike às costas. Ainda por cima quase ninguém por ali passa e com as chuvas e a vegetação crescer deve estar praticamente tapado.
Um abraço
João L.
Ola João
Obrigado mais uma vez. O meu erro é passar sempre ali "curto de tempo", o que acaba por não dar grande resultado.
Quando lá passei desta vez, lembrava-me bem das palavras que troquei contigo no post de Outubro.
O que me teria dado jeito era que o trilho fosse na encosta oposta da nascente do Ceira.
Bem, mas como já por varias vezes "namorei" o trilho, em breve vou lá de certeza ver o inicio e o fim :)
Mais uma vez obrigado pela dica
Um abraço e boas voltas
Tiago Lages
Caro Tiago,
Desculpa o abuso ao fazer esta pergunta aqui no blog mas este Sábado andei pela Estrela tentando fazer um percurso que tinha visto aqui no teu blog e que me pareceu fantástico: Covilhã-Teixoso-Atalaia-Verdelhos-Piornos-Covilhã. Como não tenho GPS muni-me de uns esboços que fiz a partir do Google Earth. Esta era para mim das zonas menos conhecida da Serra.
Quem sobe de Verdelhos a certa altura aparece um monte cónico verdejante em frente com umas casas na base à esquerda e, logo depois, chega-se ao asfalto. Um pouco à frente há uma estrada para a direita que vai para o Poço do Inferno (a cerca de 1 km), outra para a esquerda (deve ir dar às casas) e um caminho em frente a subir (está lá uma placa a indicar o Covão da Ametade e Espigão) que vai dar lá acima ao planalto em que se começam a ver os Cântaros e que segue até aos Piornos (passando por uma placa de proibição aos pastoreio!!!). Ora essa é uma subida dos infernos. Há alguma outra maneira de chegar lá acima? É que a certa altura vi alguns caminhos que metiam pelo meio da floresta e lembrei-me que às tantas vão em ziguezague pelo monte acima, tornando a subida mais suave. Ou então talvez indo ao Poço do Inferno e tentar fazer uma grande volta curvando sempre para a esquerda até lá acima ao planalto que vai dar aos Piornos.
Obrigado de antemão.
João
Ola João
Não é abuso nenhum. No que puder ajudar, é com muito gosto.
Sim, essa subida é dos infernos, sem duvida. Mas há forma de a suavizar um pouquito, que é nos primeiros metros da subida em vez de fazer o gancho à direita é ir em frente mantendo a encosta de Verdelhos e subir um pouco mais suavemente.
Mas tirando esta, há sempre a hipótese de se descer ao Poço do Inferno e depois seguir em asfalto na direcção de Manteigas até encontrar uma placa que diz Serra da Baixo. Sobe-se bem, mas com o piso alcatroado torna o ganho de altitude mais "soft". Este alcatrão vai ligar com o fim da tal subida infernal. No entanto antes de acabar o asfalto existe uma outra alternativa para se subir aos Piornos, esta aqui(http://tiagussbtt.blogspot.pt/2012/11/passeio-outonoinverno.html) Não muito meiga, mas tem umas vistas fantásticas.
Todas estas subidas vão mais tarde ou mais cedo dar ao mesmo local.
Espero ter ajudado
Abraço
Tiago Lages
Olá Tiago,
obrigado pelas dicas.
Fico com a subida que mandaste (passeio-outonoinverno) registada para a próxima oportunidade que tiver de pedalar aí na Estrela. Subindo ao longo do vale glaciar com vistas sobre o vale e o cântaro lá em cima deve ser, de facto, espectacular. Pelo que vi vai dar ao outro estradão junto a uma pequena lagoa (lembro-me de lá passar e ver o cruzamento).
Também registei o percurso da maratona de Manteigas do último post. Acampei por aí há muitos anos (décadas) num local junto ao Mondego a que chamávamos a Castanheira.
Obrigado mais uma vez e um abraço
João
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