quinta-feira, agosto 02, 2012

Do Tortosendo a Unhais da Serra (por estrada)


Quinta feira, foi dia passeio por estrada....
A zona a sul da Serra da Estrela, principalmente dos concelhos da Pampilhosa da Serra, Arganil, Fundão têm uma grande particularidade que se torna vantajosa para quem gosta de pedalar em asfalto. As razões são simples, paisagens fantásticas, muito pouco transito e bom piso.


A primeira foto foi tirada em Silvares, a ideia era apanhar a igreja onde levei há uns tempos o Padre Sousa para casar o Luís e a Ilda, mas como dá para ver não consegui enquadrar bem o telemóvel. 

Quando saí de casa e lavava em mente, visitar Barragem de Santa Luzia. Sempre gostei de pedalar por aqueles lados seja por terra seja por alcatrão. Do Tortosendo, segui a estrada com mais lombas (bandas sonoras) desta região que começam no Dominguizo, Vales do Rio, Peso, Coutada e terminam no Barco. Nesta parte, ligeiramente a descer já fazia sentir o ritmo relaxado de passeio com que o dia ia evoluir. Normalmente quando aqui passo a média anda sempre na casa dos 35 Kms/h e a média só desce quando a caminho do Telhado a subida assim obriga. Mas hoje a média começava por andar nos 25 Kms/h e a tendência era baixar.


Na subida logo a seguir a Silvares, via-se nos monte ali à volta algum nevoeiro. A manhã não estava praticamente quente, mas certamente essa nebulosidade iria desaparecer com o decorrer do dia.


Depois da passagem pela Barroca, virei à direita com destino a Dornelas do Zêzere. A estrada em frente levaria-me ao Orvalho por uma estrada sempre pela crista do monte que separa o vale do Zêzere do vale das Bogas de Cima, do Meio de Baixo, etc... 

Mas o caminho escolhido acompanharia o Zêzere mais alguns Kms, até deixar o concelho do Fundão para entrar no concelho da Pampilhosa da Serra.



Ainda antes de passar o rio, passei na fonte onde há alguns anos atrás eu, o Mané e o Coelho, esperámos e desesperámos para aqui encher os cantis num dia de calor extremo, na primeira vez que fiz a GR22 em 2007.



Se já se notava pouco transito, assim que passei Dornelas, passou ainda a haver menos. O próximo destino era a Portela de Unhais numa subidinha bem bonita de 9 Kms. Estava a entrar na zona onde me apetecia passar o dia e assim foi.




Na Portela de Unhais somente duas hipóteses, mas ambas enchem as medidas. Como me apetecia ir ao paredão da barragem virei para o Casal da Lapa, pois também sabia que era o melhor sitio para parar um bocado.


Ao longe já se viam os enormes penedos que se situam junto da barragem. À minha direita o Rio Unhais, a linha de água principal que onde está a Barragem de Santa Luzia.





Por aqui, acabo sempre por visitar e conhecer aldeias que de nome há muitos anos que me são familiares. Recordar algumas paisagens e locais por onde passei há muitos anos com o meu pai, quando em trabalho percorria estas estradas. O Casal da Lapa é um desses sítios, onde varias vezes parei com o meu pai e no café onde parei também desta vez.




Esta paragem soube-me pela vida como se costuma dizer. Uma sandes mista e uma coca-cola vieram mesmo a calhar, pois já trazia algum apetite.



Paragem no miradouro, tirar umas fotos (de telemóvel), fazer dois ou três telefonemas e de volta à estrada esperava-me a passagem por baixo da grande parede da barragem e a picada seguinte.







Claro que durante a subida, não tive hipótese para fotografias, não fossem as inclinações por vezes de 15 e 17%. A seguinte foi tirada à Ermida de Santa Luzia mesmo à beira da estrada.



Também há dois anos andei por aqui sozinho no passeio, numa volta BTTistica de dois dias que acabou por terminar em Coimbra. Ir para os lados do Fajão, já começava a ficar cada vez mais "longe de casa". O único inconveniente era mesmo o conhecer mais ou menos a zona e saber o que me esperava no regresso. Teria de fazer as contas de forma a  haver pernas para o regresso. Estava entusiasmado, o passeio estava a correr bem, mas atenção ao entusiasmo.... :)


Mesmo assim, com os olhos postos na encosta à minha frente parecia ver uma estrada nova. Será??? Decidi  então arriscar e alargar mais um pouco a volta. Em vez de ir pelo Vidual de Cima para os lados da Covanca ainda virei para o Fajão.



E três quilómetros de subia depois estava junto a uma estrada nova com bom aspecto e com placas a indicar as localidades que me interessavam. Ao passar um senhor da Câmara Municipal da Pampilhosa da Serra, perguntei se a estrada estava toda alcatroada ou se ainda havia partes em terra e a resposta dele foi "A estrada fica pronta a abre depois de almoço". "Maravilha", pensei logo eu escusava de voltar atrás e esta estrada iria dar ligação com a Malhada do Rei por onde eu teria de passar.




Mas não fui logo. Ainda fui na direcção do Fajão para mais uma vez apreciar as vistas daqueles vales impressionantes que desbravei alone na tal volta que liguei a Serra da Estrela, à Serra do Açor e à Serra da Lousã.




Ao olhar lá ao fundo a Ponte de Fajão, ainda comecei a fazer contas de cabeça em fazer por ali o regresso, mas decidi não inventar tanto. A volta estava a correr bem e ainda havia por estes lados mais a visitar.



Percorri a nova estrada que ligou à estrada que vem do Vidual de Cima para Malhada do Rei.




Passei a Malhada e em vez de tomar a direcção de Unhais-o-Velho que me levava por onde já tinha andado hoje virei para os lados da Covanca. Aqui o nome das terras ainda são mais familiares que tinha andado a ver quilómetros atrás. 




Esperava-me um bom bife, mas já sabia onde me estava a meter. Depois de rolar um pouco por estas estradas sem transito, observando o Ceiroco à minha direita cheguei a um cruzamento onde já passei algumas vezes.




A primeira vez que aqui vim ter de bicicleta, foi num memorável passeio até à Benfeita, com o retirado (mauzinho) Rui Madaleno e de licença parental Pedro Sousa, o Paulo Coelho e eu. Foi também a primeira vez que atravessámos a não menos meiga Serra da Cebola da fotografia abaixo.



O gozo que dão estas voltas de estrada (repito) é reconhecer locais por onde já passamos outras vezes, muitas delas em BTT. Vamos conhecendo os sítios e as suas características. Estava praticamente na hora de almoço. Podia parar na Covanca e ir em direcção ao único café que existe, o da associação, mas já por vezes o encontrei fechado. Sabia que parar às 12:00 quando tinha a seguir uma bela subida, não era também a melhor solução. Decidi seguir viagem, deixando a Covanca para trás. Só parei antes do cruzamento da Malhada Chã para encher os cantis com agua fresca.



Covanca a ficar para trás


A subida que se seguia já a conheci nos dois sentido. Já a fiz a descer quando fiz a GR22 com o Mané e o Coelho quando apanhamos uma coluna de calor assustadora durante a descida e já aqui passei a subir quando fiz a GR22 com a malta do clube no ano passado.



À passagem pela Fornea, tudo parecia correr bem. Mas a parte mais difícil viria a seguir. Não sei se por falta de abastecimento, ou se pelo calor, ou se pela subida mas os últimos metros custaram-me imenso.





No fim da subida já se vislumbrava o Tojo, que sempre associei ao giro do saudoso e amigo Ti Mina que enquanto carteiro por aqui passou muitas vezes.


As placas familiares, já trazem alguns nomes da minha infância.
Mesmo no meu caminho, com o Monte Colcurinho mesmo à frente mais duas opções surgiam para descer à estrada nacional 230, ou descer por Vale de Maceira e contornar o Colcurinho à esquerda ou descer pelo Piodão e contornar à direita.
Também este bonito monte já teve algumas investidas. Além da corrida de montanha que se realizou durante alguns anos e que consistia em subir de Alvoco das Varzeas até à capela da Srª das Necessidades no cimo do monte Colcurinho. Nesta corrida de 9 Kms com 1000 metros de desnível acumulado a vencer marcamos presença em 2010, 2009, 2008 sempre antecedidos de 100 Kms de BTT no dia anterior pois vínhamos da Guarda a pedalar para participar na corrida. Mas também um dia viemos cá a pedalar desde Loriga, numa volta que em 60 Kms tivemos 2000 metros vencidos, isto porque feitos "tontos" fizemos em BTT o percurso da corrida. Bons tempos! Infelizmente em 2011 já não se realizou a corrida, apesar de nós nos termos juntado da mesma forma e termos passado o fim de semana na Ponte das 3 Entradas.



Uns quilómetros à frente estávamos a ver a Mourisia. No ano passado, no segundo dia de uma volta com o Mané e o Joca que andamos por estas bandas o ter visto a Mourisia foi o sinal de alerta para ter a noção que estávamos a descer para o vale errado.



Nas placas seguintes encontrei entre muitas aldeias a aldeia da minha infância, a minha Benfeita que tantas saudades me traz. Talvez por isso adoro visitar de bicicleta estas serras, visitando agora de outra forma aldeias da minha infância.
Mas o sentido a tomar hoje foi o contrário a estas placas. Se por ali virasse agora não teria pernas suficientes para regressar a casa :) Virei então para o Piodão.




Nesta curva vi um ano o Rally de Portugal Vinho do Porto, numa altura que brilhavam os Toyota Celica e os Mitsubishi Galant que ainda hoje guardo em fotografias tiradas mesmo ali.






O Piodão estava mesmo ali. Não parei no café do centro, pois não me esqueci da ultima vez que lá jantei numa volta do clube que por ali passou. Dois ou três pratos de cubos de queijo ficaram mais caros que o preço do quilo que o próprio restaurante vendia.




Fui então ao Fontinha comer uma bela de uma bifana, beber uma bela de uma coca cola e um belo gelado de chocolate.
Por entre estas paredes de xisto via a estrada que eu iria tomar na direcção da Vide, por Foz de Egua e Torno. Mas neste caminho ainda encontrei outras tantas aldeias, pensava eu que ali só mesmo encontraria duas aldeias, mas aqueles vales ainda escondem (alem do Torno e Foz de Egua) as Chãs de Egua, Casas Figueiras, Malhada das Cilhas e Rodeado.









Ao chegar à estrada nacional, virei na direcção da Covilhã. Já trazia nas pernas mais de 100 Kms e cerca de 3000 metros de desnível vencido. Os próximos 15 seriam a subir até às Pedras Lavradas, ainda pensei que teria alguma sombra, mas enganei-me.








Cheguei as Pedras Lavradas onde ainda encontrei dois ciclistas (os únicos que vi hoje). O pior estava feito, agora bastava rolar ate Unhais da Serra.








E ao chegar a Unhais da Serra, nada melhor que enfiar as pernas na agua fresquinha da bonita praia fluvial e descansar ali o resto da tarde. Pois o jantar seria mesmo ali nesta encosta da serra.




Uma volta que rendeu quase 150 Kms e uns não surpreendentes 3500 metros de desnível vencido, não conhecesse já algumas destas serras no interior do nosso bonito Portugal.

Sem comentários: