Mais um excelente fim de semana. E tão fresquinho que ele começou.......
Comecemos pela logística. O percurso para este fim de semana tinha inicio nas Pedras Lavradas. Este local é uma das fronteiras entre a Serra da Estrela e a Serra do Açor. Estávamos 9 amigos inscritos para este fim de semana e precisávamos que alguém nos fosse ajudar com o jipe. A resposta veio do Koelhone como não podia deixar de ser. Às 8:30 já nós estávamos nas Pedras Lavradas para começar a pedalar e o amigo Koelhone, vindo directamente da Guarda às seis da manhã estava também a chegar ali na sua Bianchi de estrada para regressar à Guarda e levar o jipe com ele. É este o espírito que reina no nosso clube!
A foto mais parece de um dia de Inverno, mas os calções e a manga curta e todos de cara alegre, denunciam a temperatura amena. Para estarmos mais confortáveis, bastou começar a pedalar.
Para a Teixeira de Cima, começamos a descer em terra para não começar logo por alcatrão. Como a malta estava de cantis cheios, não valia a pena ir à fonte.
O primeiro problema técnico surgiu ainda não tínhamos 5 Kms. Na passagem da ponte de pedra antes de subir para a Teixeira já havia malta atrasada. Assim que agrupamos é que nos apercebemos do problema da bike do Rato. As pastilhas do travão da frente acabavam de entregar a alma ao criador.
Quando estamos no inicio de um fim de semana de dois dias, não é avaria que dê muito jeito ter. A verdade é que o disco da frente já estava massacrado e como teria de ser substituído, podia-se muito bem acabar com ele. Nas subidas não é preciso dar-lhe uso e ao ritmo certo, na companhia de toda a malta, disse ao Rato que era possível fazer tudo. Claro que com esta condicionante o gozo, nas descidas não ia ser o mesmo, mas o que mais me preocupava era a ultima descida de domingo.
E lá continuamos todos rumo ao nosso fim de semana BTTistico. Depois da Teixeira de Cima, atravessámos o asfalto e fomos até às Balocas seguindo mais ou menos o mesmo percurso que tinha feito há duas semanas.
Lá paramos no fantástico "campo das festas" que tem umas vistas que poucas terras se podem gabar de ter e seguimos pelo caminho florestal.
A aldeia seguinte foi o Gondufo. Desta vez descemos mesmo à aldeia para entre as ruas onde mal passa um guiador largo, atravessar a aldeia. Este pequeno desvio enriqueceu a nossa passagem por estas bandas.
E por entre caminhos e pequenos carreiros, o atalho bateu certo. Levando-nos a entrar no caminho que trazíamos um pouco mais à frente.
O Gondufo (aldeia) ficava assim para trás.
Continuámos pelo caminho rasgado na montanha. Estes "rasgos" na montanha fizeram-me lembrar alguns dos caminhos dos Pirenéus percorridos por esta altura do ano, há quatro anos atrás com o Mané e com o Coelho.
Aos poucos fomos aproximando-nos das Chãs de Égua, uma pequena aldeia vizinha do conhecido Piodão.
Chas d'Egua é uma pequena aldeia da Serra do Açor. Bonita como tantas outras, mas não tão conhecida ou tão mediática no reino do xisto. A verdade é que tem tanto ou mais valor que outras. Mas a nossa passagem por aqui era rápida. Iríamos sair deste vale por aqui, mas antes (e para enriquecer ainda mais o passeio), descemos ao Piodão.
Depois de entrar num estradão com a entrada semi-escondida, descemos o carreiro antigo que desce ao Piodão. Na foto pode-se ver a bike do Sousa de pernas para o ar. Neste dia não sei se era a primeira vez ou a segunda, mas só neste dia para ele foram três trilhanços. Três câmaras de ar diferentes para um homem só. As laminas de xisto ajudam a estas peripécias.
E pelo bonito trilho descemos até ao Piodão. Embora já víssemos há muito a pousada do Inatel, a verdade é que vindo de onde viemos mais parecia que tinham mudado a aldeia de sitio.
Mas lá a encontrámos! O largo da igreja lá estava no mesmo sitio e fomos directos aos chapéus da olá, beber umas colas e comer uns gelados. Quilómetros não tínhamos muitos. Mas o passeio levava um bom ritmo. Ritmo de passeio, muitas fotografias, muita conversa e muita palhaçada (para variar).
Aqui bebemos bebida de bicicletas e de motas. As bebidas para "camones" saem sempre mais caras, daí que não quisemos ser confundidos. Se calhar nesta volta de 2011 que até por cá dormimos o café da frente pensava que éramos estrangeiros....
Estava na hora de deixar o Piodão, mas a tarefa de subir ainda não estava marcada para aqui. Para fazermos uma subida como deve ser e para enriquecer o nosso passeio, descemos pelo caminho pedonal até Foz d'Egua.
Já dormimos aqui dizia o Vicente. Tirei esta fotografia especialmente para o meu amigo Rui Madaleno.
Não arranjamos mais um companheiro, mas vontade de continuar connosco não faltava a este pequeno. Talvez um dia...
Este single, como já tinha tido oportunidade de referir, tem manutenção. Nota-se que está limpo e cuidado. Está inclusive sinalizado. Já o que fizemos antes entre Chãs d'Egua e o Piodão, merece o mesmo tratamento.
A foto de cima engana!! Dadas as circunstâncias o Rato poderia estar aqui a lamentar-se da ineficácia das suas novas pastilhas metálicas, mas é tudo um engano. Aqui o grupo todo, esteve parado para uma vez mais, o Sousa trocar de câmara de ar, pois conseguiu trilhar mais uma câmara de ar. O Rato da foto foi somente o ultimo a abandonar o local. Ainda fiquei na duvida aqui. Mas afinal quem é que anda sem travões? O Sousa ou o Rato?
Estes trilhos têm ou não têm muito bom aspecto?
Chegámos então a Foz d'Egua. Esta bonita aldeia com a sua recente imagem de marca, que é particular apesar de estar disso qualquer um pode usufruir da mesma.
E foi aqui a meio da ponte que se iniciou a nossa subida. A tendência dos próximos 15 Kms eram de subida. E os próximos 6 não tinham nada de plano, estávamos abaixo dos 500 metros e no fim destes 6 iríamos apreciar as vistas acima dos 1200.
Para terminar este nosso desvio ao Piodão e a Foz d'Egua fizemos a ligação de asfalto até chegarmos novamente a Chãs d'Egua. Entramos ali em terra para fazer uma das subidas mais bonitas destas encostas.
Chãs d'Egua
Mesmo ao nosso lado foi sempre visível o Monte Colcurinho e a capela da Sra das Necessidades. A melhor referência que se podia ter é que na nossa volta ainda haveríamos de estar mais alto que esta referência da Serra do Açor. A subida continuava....
Quando digo que a subida é bonita, não é por acaso!!! Olhem só para este zigue-zague serra acima, o Monte Colcurinho mesmo ao nosso lado nesta "encruzilhada" de pequenos vales.
Chegados ao tão desejado caminho da crista do São Pedro do Açor, estávamos por mais incrível que pareça a meia hora das Pedras Lavradas, onde iniciamos o nosso dia. Fui vasculhar uns posts antigos e encontrei um passeio que fiz com o Mané em 2007. Passeio que andou por aqui, e ao ler o que escrevi da para perceber que é um post com quase 6 anos, mas que ainda é do tempo em que havia comboio entre a Covilhã e a Guarda. É do tempo em que não se viam metade das eólicas que encontramos agora. Como as coisas mudam de um dia para o outro.
Também o Joca já tinha passado por aqui noutra investida, numa volta que ligou a Guarda à Benfeita em 2009 em que andamos com a cabeça na nuvem a fugir da trovoada.
Enquanto o grupo não chegava todo, a malta sempre bem disposta, contemplava as paisagens e descansava destes bonitos 6 Kms. Pelo menos para o Colcurinho já olhávamos sem ter de levantar a cabeça.
E como se podem ligar as cristas do São Pedro do Açor e da Cebola? Das voltas que andei numa e noutra, a resposta ou veio da Malhada Chã ou da Fornea com passagem na Covanca ou pelo Porto da Balsa e Camba.
Mas desta vez tinha uma na manga caso corresse bem. Numa volta que por aqui andei sozinho em Outubro de 2012, e que fui "picar o ponto" à Cebola, dei conta de um caminho que se tivesse saída poderia ser útil e inclusive bem engraçado. Ao ler o post dessa volta dá para perceber as razões pelas quais na altura não o experimentei, embora tenha ficado cá com ele "atravessado". Esse post recebeu um comentário de um companheiro assinando João L, que referiu que o dito caminho tinha saída e ia ter onde se pretendia. Não me esqueci da dica.....
Passados uns meses, num reconhecimento com uma malta amiga por aquelas bandas, por falta de tempo para continuar a volta com eles, tive de atalhar e regressar a casa mais cedo. O atalho levou-me novamente às portas do tal caminho. Como tinha a dica de que tinha saída ainda o comecei a fazer, mas voltava a estar nas mesmas circunstâncias da volta de Outubro. Estava ali sozinho e curto de tempo. Ainda o comecei a fazer, mas o bom senso fez-me voltar atrás e ir pelo caminho normal rumo a casa. Mais uma vez no post desta volta o João L., voltou fortalecer a ideia que o caminho tem saída e que serve para os dois propósitos que pretendia na altura que lá passei.
Como não tive hipótese de ir fazer o reconhecimento do caminho fomos lá todos. Ora este caminho a correr bem iria ligar estas duas cristas e cruzaria a linha de agua principal do Rio Ceira. Eu somente conhecia a entrada do caminho do lado da Cebola, mas logo dei conta onde entrava do lado da crista do São Pedro do Açor.
O resultado foi este.......
Um single track de 2 Kms, que facilmente nos levou para o outro lado. Um single que fez esmurrar os cromados a alguns, mas que em nada tirou o gozo.
Estávamos mesmo por cima do Sobral de São Miguel. Faltavam os últimos 6 Kms de subida pelo estradão de eólicas até ao ponto mais alto da Serra do Açor.
Como as fotos mostram, o caminho não é propriamente meigo, mas se há coisa que dá gozo aqui é pedalar nestas cumeadas e ter a oportunidade de apreciar as vistas à nossa volta.
Ao ver fotografias que tirei mais antigas, dá para perceber que à medida que o tempo passa a tendência é o aumento das eólicas espetados nas nossas serras. Este caminho que subimos, não existia por exemplo na volta que fiz por aqui em 2006.
A foto de cima foi tirada em 2007, nesta volta com o Mané para terminar o ano. Na imagem vemos a Cebola e a montanha desprovida de eólicas. É esta primeira crista mais evidente, desprovida de caminho que fizemos na nossa volta deste fim de semana.
Com vista para a descida/subida que acabamos de não fazer pela Malhada Chã, continuamos a nossa subida.
A imponência destas serras, destes vales apertados e destas subidas íngremes vê-se em cada fotografia tirada, mas não mostra tudo. Falta o vento, as vistas a 360 graus à nossa volta, o calor, o cheiro....
E eis que chegamos à Cebola!!!! O ponto mais alto da Serra do Açor!!! Nunca aqui tinha vindo acompanhado.... Mas mais vale tarde que nunca. Que bela companhia a destes amigos.
A tendência dos próximos quilómetros era de descida. Descemos ao cruzamento da Covanca e virámos à esquerda rumo ao Fajão.
Depois de uma pequena ligação de asfalto, entrámos nos trilhos do Centro de BTT da Pampilhosa da Serra, que tem como base o Casal da Lapa, junto à Barragem de Santa Luzia.
Ceiroco
Com tanto caminho plano e tendencialmente a descer, coisa que a malta não esteve habituada, chegamos ao Fajão num abrir e fechar de olhos.
E como nos andamos a portar mal o dia todo, fomos todos presos!!!
Chegamos ao Fajão e fomos ao encontro da dona Fátima, a simpática senhora proprietária do local onde pernoitamos, a Cadeia. Esta bonita e antiga aldeia já foi sede de concelho e teve em tempos outra importância na organização do nosso território.
Já o jantar foi simplesmente divinal. Servido no Restaurante "O Pascoal", a Chanfana estava um petisco daqueles de chorar por mais.
Depois da jantarada, demos uma voltinha pela aldeia e como aquela hora da noite o pessoal não pode ver um tasco com as portas abertas ainda fomos beber "as penúltimas".
Ficamos muito bem instalados. E depois de escolher as companhias para dormir, eu fui para o vale dos lençóis enquanto uns ainda ficaram a ver as touradas da televisão portuguesa.
Com o pequeno almoço marcado para as 7:30 a malta até acordou mais tarde do que o dia anterior. E um pequeno almoço destes foi mesmo a melhor forma de começar o dia.
Depósitos de agua atestados é sempre palavra de ordem nesta altura do ano, principalmente por estas bandas. Ir directamente para a Lousã, desaproveitava-se muito do que há por aqui. Assim, tendo como base alguns trilhos do Centro de BTT da Pampilhosa da Serra, entrámos em terra batida.
O caminho proporcionou-nos paisagens muito bonitas.
Aos poucos foi ficando cada vez mais técnico e como não podia deixar de ser.... saia mais uma camara de ar trilhada para o Sousa. Aqui já o moço dizia que andava pesado e precisava de perder peso :)
Mas aqui não esteve sozinho, também o Rato teve de meter mãos à obra para deixar de ter tubeless e passar a ter câmara de ar. As pastilhas de ferro, continuavam a aguentar se bem que já mais pareciam laminas de barbear.
No nosso passeio, fizemos o desvio para ir à imponente Barragem de Santa Luzia que alguns ainda não conheciam.
Este paredão foi concluído em 1942 e os artistas da foto abaixo tiraram a foto em 2013.
Mas a grande coincidência do dia, o momento mais espectacular estava reservado para aqui. Quando retomávamos o percurso, alguém disse, "Tu não és o Tiago Lages?" ao qual respondi que sim. Bem!!! Este amigo da fotografia abaixo é nada mais nada menos que o João. O mesmo João que por varias vezes deu a dica aqui no blog que o caminho que tínhamos feito no sábado entre as cristas da Cebola e o São Pedro do Açor tinha saída. Que momento incrível!!! Comentei logo com ele que no dia anterior tínhamos falado dele, quando contei ao pessoal o porquê de apostar no singletrack que fizemos. Mais uma vez obrigado João!! Forte abraço!
Deixamos a barragem para trás e fomos até ao Cabril. Éramos para ter entrado em terra antes, mas só no Cabril é que optamos por o fazer.
Fizemos mais este pequeno single até ao asfalto.
Descemos à Srª da Lomba e logo depois Sanguessuga!!! Mas aqui é terra de boa gente, não é preciso ter medo de entrar.
Em Sanguessuga entramos deixamos novamente o alcatrão até chegarmos ao Vale Derradeiro. Terra que já tinha ouvido falar varias vezes ao meu pai e que eu próprio já tinha visto algumas placas na estrada lá em cima, mas nunca se tinha proporcionado visitar. Estava na hora de uma paragem estratégica.
Parámos logo à primeira casa da aldeia pois estava uma fonte e já convinha atestar os reservatórios. Perguntei à senhora que veio à porta, se a aldeia tinha algum café. O único café da aldeia é o da associação, mas só iria estar aberto em Agosto. Mas logo se disponibilizou a tirar uns cafés. Agradeci o gesto, mas disse que não seria necessário pois o que queríamos era uma paragem para descansar e beber algo fresco.
A verdade é que lá perguntou a outro se queriam café e quando dei conta já estava quase tudo a tomar um belo café à porta de casa da senhora.
O senhor Abel que já nos fazia companhia desde que ali tínhamos estacionado, depois dos cafés, perguntou se não se bebiam umas fresquinhas. Ui..... o que ele foi dizer!!! Desta vez a malta já não fez cerimonias e depois de uns "tlins, tlins" ali estavam 10 minis fresquinhas. Não há palavras para descrever tamanha amabilidade e o tamanho bom momento que nos proporcionou ali aquele simpático casal.
A subida seguinte não era pêra doce. Era apenas um pequenos quilometro, mas que chegou a ter 22% de inclinação e andou sempre acima dos 14%.
Estávamos novamente perto do .........Fajão. Por tudo o que se passou, estes primeiros vinte e poucos quilómetros tinham mesmo de ser feitos.
Este vale já o tirei a olho de outras passagens por aqui. E como houve quem tivesse ficado de olho arregalado, se calhar esta na hora de o irmos conhecer em breve.
Os nossos próximos quilómetros era sempre no cimo dos montes, de crista em crista, de carrossel em carrossel.
O calor fazia-se sentir, mas nada de mais. Até corria alguma aragem e apesar do dia estar quente, já por aqui passei por dias piores. Não estava mau de todo.
E antes de atacar a parte "pior" do dia, nada como o fazer já com o reforço energético feito. "Bifanas e coca-colas para toda a gente saxavor".
Foi ali que gozamos os nossos últimos momento de uma boa sombra fresquinha. Dali para a frente tínhamos o calor e os montes despidos. Sombras, nem de eólicas nesta parte do caminho. Os nossos próximos seis quilómetros eram na direcção céu.
Mesmo assim, lá encontrámos uma sombra para reagrupar e terminar a subida. Só faltou mesmo levantar vôo... no aeródromo do Coentral inaugurado por um dos maiores ladrões deste país.
A malta ainda tentou descolar de bicicleta, mas em vão. Íamos demasiado pesados.
Depois da pista, descemos ao Santo António da Neve. Uma bonita ermida, um local que contrasta com as zonas despidas de arvoredo que trazíamos até aqui.
Mas o que são estas construções em pedra neste local?? São poços, mas não são poços quaisquer.
"Segundo um trabalho do Dr. Herlander Machado, os poços da neve são seguramente mais antigos do que a capela. Admite-se mesmo que sejam muito anteriores a Julião Pereira de Castro no ofício de que só há notícia devidamente documentada a partir de 1757 em alvará de D. José também assinado pelo Marquês de Pombal.
Dos sete poços construídos somente restam três que pela sua raridade foram considerados imóveis de interesse público.
Estes três poços de construção tosca são redondos no seu interior; todavia dois são octogonais no seu exterior e um é circular. Estão cobertos por abóbadas de pedra em forma de sino achatado e todo o conjunto foi edificado com a pedra negra da região. Cada poço tem uma só porta, estreita, virada para nascente, como para evitar que, quando o Sol é mais forte, possa entrar pela estreita porta e derreter a neve ali guardada.
Utilizando escadas de mão, feitas em tosca madeira, os homens desciam ao fundo destes poços – que então tinham uma profundidade superior a uma dezena de metros – e à medida que neles iam sendo despejadas as cestas com neve iam calcando esta com pesados maços de madeira que empunhavam vigorosamente, à maneira dos calceteiros de hoje.
Empedernida, isolada entre os paredões alisados pelo estuque, coberta depois de palha e fetos, a neve conservava-se nesses amplos reservatórios, até ao Verão – sem que uma réstia de Sol lhe pudesse chegar.
Quando chegava o tempo quente, a neve era cortada e seguia em grandes blocos para Lisboa. O transporte era feito, numa primeira etapa, em ronceiros carros de bois. Apenas três ou quatro desses grandes blocos podiam ser carregados nessas robustas carroças e eram cuidadosamente envolvidos em palha, em fetos, mesmo em serapilheiras ou, ainda, metidos em caixotes.
Mas, mesmo assim, diz o testemunho oral que muita neve se perdia pelo caminho percorrido através dos tortuosos carreiros da serra, quase penosamente.
Em Miranda do Corvo fazia-se a primeira muda dos animais e depois os carros partiam para Constância onde, da via terrestre, se passava para a via fluvial até ao Terreiro do Paço onde eram feitos saborosos gelados para o Rei e sua corte, tão saborosos que os Lisboetas os procuravam no Martinho da Arcada e outros cafés."
E porquê esta capela aqui?
"No antigo Cabeço do Pereiro ergue-se uma capela em honra de Santo António e porque foi mandada construir por Julião Pereira de Castro, neveiro-mor da casa Real, passou o local a designar-se por Santo António da Neve.
Esta capela tem a seguinte inscrição:
“Esta capela do glorioso Santo António de Lisboa a mandou fazer Julião Pereira de Castro reposteiro do nosso reino da câmara de sua Magestade e neveiro de sua Real casa em terra sua ano 1786.”
A licença do Bispo D. Miguel de Anunciação tem data de 6 de Maio de 1778 o que nos leva a concluir que demorou oito anos (1794) para ser benzida.
O Bispo concede licença porque Julião Pereira de Castro emprega muita gente na expedição da neve ocupando nessa tarefa os domingos e dias Santos e porque ir ouvir Missa à Igreja do Coentral era um incómodo considerável e não cumprir com os preceitos era gravíssimo prejuízo para as suas almas.Esta capela andou nas mãos de particulares durante muitos anos até que em 1954 foi adquirida pela Câmara da Presidência do Dr. Marreca David e ficou pertença da Junta de Freguesia do Coentral."
Textos retirados da pagina oficial do município de Castanheira de Pêra.
Chegávamos à fase final, faltava a ultima subida rumo às antenas do que guardam o Trevim, o ponto mais alto da Serra da Lousã.
Os 9 do fim de semana junto ao Trevim.
Por precaução a descida foi feita nas calmas e com varias paragens para agrupar. Não fossemos nós em menos de 10 Kms perder mais de 1000 metros de desnível. Não fosse este terreno de avalanches.....
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E de repente a Lousã mostrou-se mesmo aos nossos pés. O nosso fim de semana a pedal estava prestes a terminar.
Apesar do bar se para acolá, decidimos procurar um com mais espaço para estacionar. O amigo Janeiro estava a caminho para nos vir buscar.
Mais um fim de semana à maneira!!! É a isso que o Joca está a brindar!!!
Atenção ao acesso às Balocas. É efectuado por um caminho aparentemente particular.
Atenção ao acesso às Balocas. É efectuado por um caminho aparentemente particular.
4 comentários:
Olá Tiago,
Que travessia fantástica a vossa, Açôr-Lousã.
Foi um grande prazer conhecer-te e também a alguns dos teus companheiros de pedalada. Não fora a "Bona" meter-se convosco e um dos teus companheiros ter parado para lhe fazer umas festas e vocês teriam passado sem parar. Que coincidência.
Ainda bem que aproveitaram a dica para fazer a ligação entre as cristas do S. Pedro do Açor e a Cebola; é que agora deve estar um pouco mais ciclável :)
No dia anterior tinha feito Lousã-Cabril (acompanhado em parte do percurso por um companheiro), isto é, o percurso inverso ao que vocês fizeram. Notei pelas fotografias que já não havia festa no St. António da Neve, tal como vos tinha indicado. No Sábado, a capela estava rodeada de barracas de comes-e-bebes.
Também notei que optaram por descer do Trevim até à Lousã quase em linha recta. Há percursos mais interessantes do ponto de vista paisagístico. No track nota-se que, quando chegaram a um local chamado "barraca preta" (num local em que aparece um estradão) ainda exploraram um pouco o lado esquerdo mas, voltaram atrás e foram a direito para baixo. Pela direita teriam o estradão a meia encosta com vistas sobre o vale e no final a mítica subida (no vosso caso descida) dos Ss de Vilarinho.
Um grande abraço e espero que um dia nos possamos encontrar para umas pedaladas (embora me pareça que não teria pernas para vos acompanhar).
João Laranjinha
Ola João
Foi mesmo uma coincidência incrível, um momento fantástico.
Foi pena já não apanharmos a festa no Santo António da Neve, pois éramos meninos para fazer ali mais um abastecimento. :)
Na descida para a Lousã, ainda tentei o tal caminho à esquerda, pois tinha em mente descer para os lados do castelo. Como não tinha a certeza do caminho continuamos a descer pelo que já tinha feito há uns tempos. Tive pena, pois a descida podia-se ter aproveitado de outra forma, mas logo lá vamos outra vez.
Um dia que vieres para as nossas (que também são tuas) bandas avisa que serás bem vindo. E quanto ao grupo não te preocupes, nas nossas voltas chegamos todos ao fim ;)
Grande abraço
Tiago Lages
Olá Tiago,
O tal estradão à esquerda vai mesmo dar ao Castelo. Ias na direcção certa. A partir do local onde estavam (Barraca Preta) andas cerca de 1-2 km em sobe-e-desce suave e, depois, são cerca de 3 km a descer até à estrada Nacional que liga Lousã a Castanheira de Pêra. No cruzamento está uma placa que indica S. Lourenço. Segues para a Lousâ e encontras o miradouro sobre o castelo.
Do mesmo modo, se vieres para estas bandas és muito bem vindo e seria uma oportunidade para umas pedaladas em conjunto e para te mostrar a serra da Lousã.
Para abrir o apetite, envio um link do picasaweb em que coloquei algumas das fotografias que tirei nas voltas de bike pela Serra:
https://picasaweb.google.com/115767216724531253369/SerraDaLousa?authkey=Gv1sRgCPr3layBiPzA9QE
Já agora, sem querer chatear, se conseguires ver o meu email do Google, gostaria de te pedir que me enviasses a fotografia que tirámos na barragem de St. Luzia.
Abraço
João
Ola João
Bonitas fotografias!! Temos de combinar uma visita para esses lados, mas desta vez com um anfitrião a serio :)
Não consigo ver o teu email. Envia-me um mail para o meu "tiagussbtt" que é do gmail. Depois envio-te a foto.
Grande abraço
Tiago Lages
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