domingo, fevereiro 18, 2018

GeoTour 2018


Há muito que estava para participar no GeoTour, mas nunca se tinha proporcionado. Ou por "afazeres" do Clube de Montanhismo da Guarda ou por outras razões fui ficando cada ano que passava com água na boca. Sempre bem organizado desde a primeira edição, este evento do BTT Gardunha trás ao Fundão BTTistas de todo lado.

A edição deste ano, a sexta, tinha como receita para o primeiro dia ligar o Fundão à Pampilhosa da Serra e para o segundo dia, o regresso ao Fundão.

Para mim foi um passeio de bicicleta à antiga! Porquê? Simples. Não só porque é destes relatos que gosto de fazer, relatos destas investidas mato adentro, mas também porque o fim de semana foi passado com aquele que foi o meu companheiro de infância das voltas de bicicleta, o meu grande amigo Tó-Ze. Dos tempos em que ainda usávamos rodinhas, dos tempos em que dávamos voltas à Benfeita. Dos tempos em que íamos virar à Fraga da Pena ou aos Pardieiros, sempre atentos para ver se não éramos avistados fora da aldeia. 

Com o Tó-Ze vieram mais dois amigos, o "furacão" Pedro como o TóZe o chamava e o Tiago Figueiredo. Malta porreira, o que é logo à partida um dos melhores ingredientes. 

Mas malta conhecida era o que não faltava por aqui. Desde a malta da organização, às minhas companhias da Cova da Beira, malta do Fundão, malta que já participou na Transportugal, malta da Guarda, Trancoso, representação de Almeida, etc....

Eram 10:15 quando partimos!


Meia dúzia de voltas pelas ruas do Fundão e entrámos em alguns dos trilhos que fazem parte do centro de BTT da Gardunha.






Tenho a consciência que dado à falta de tempo, as voltas por estas paragens se resumem a (boas) voltas de estrada. A visita à praia fluvial de Lavacolhos por estrada é sempre um bom cartão de visita, de BTT é sempre uma passagem mais meiga. No entanto por aqui os trilhos têm boas surpresas, valem a sempre a pena, a começar pelas paisagens....








O dia estava por nossa conta. À passagem por Silvares encontrei o amigo Marujo.
Ainda tentámos a "selfie" por cima do Cabeço do Pião, mas a maquina pregou a partida, não ficou...





Nestes contornos das encostas à beira do Zêzere, já se vislumbra a imensidão das serras destas paragens, misturadas com as aldeias serranas, terras de gente mineira. O Cabeço do Pião aparece mesmo à nossa frente e do outro lado do rio conseguimos avistar a Barroca Grande e a Aldeia de São Francisco de Assis. Mais uma vez.... já por ali se proporcionaram umas boas voltas de roda fina. A ultima até foi esta semana debaixo de chuva no dia de Carnaval, mas a mais gira foi mesmo esta que passou pela Benfeita




Da terra, entrámos no asfalto que dá acesso ao Cabeço do Pião, mas antes, somos desviados à esquerda para subir um pouco mais. Estávamos prestes a entrar na zona que é de certa maneira uma das imagens de marca do GeoTour, os trilhos pelas escombreiras do Cabeço do Pião.

A passagem por aquele complexo mineiro desativado das Minas da Panasqueira, é uma experiência gira. O terreno, a paisagem, os contrastes.... enriquecem o nosso dia de actividade.














A primeira vez que pedalei por aqui, tive o privilégio de trazer atrás uns quantos amigos. Nesse dia vínhamos da Guarda e dormimos aqui mesmo na Casa da Mina que nessa altura fazia parte da rede de pousadas da juventude da Movijovem. 

Outra boa passagem por aqui, foi com uma equipa de luxo e no dia inclui a passagem pela alto da Serra do Açor, o marco geodésico da Cebola.









O dia estava excelente para passear. O começar a meio da manhã ajudou a não ter frio de manhã e à medida que as horas e os quilómetros passavam o dia ia ficando mais primaveril.






Chegámos à Barroca onde mudámos de margem. Mas por pouco tempo.
Estávamos prestes a deixar o concelho do Fundão e a entrar no concelho da Pampilhosa da Serra em Dornelas do Zêzere. 
Das coisas que mais gozo me dá nestes passeios e recordar outras passagens por estas bandas. O Mané e o Coelho de certeza que se lembram de uma passagem por Dornelas e do calor quando vínhamos do Piodão numa das nossas etapas da GR22 em 2007. Já em 2011 em sentido contrário a animação era outra. Quem tem vontade de repetir??









E foi em Dornelas do Zêzere que praticamente chegámos a meio do percurso. O abastecimento estava montado ali mesmo nas traseiras da associação à beira do rio.



Voltámos a mudar de margem. O percurso aqui iria manter-se ainda com o "cunho" forte da GRZ inaugurada em 2015. Seguiu-se assim Janeiro de Cima, Janeiro de Baixo (onde contávamos com o bar aberto), Admoço e Cambas.















E em Cambas....
Bem em Cambas tínhamos um reforço/surpresa. A Xana estava ali à nossa espera para a bola de Berlim. Não demorou muito a desaparecer....




Na Rua Estreita, confirmava-se um grande desgosto para mim. Durante estes 60 Kms percorridos fui encontrando algumas embalagens usadas de geis e barras energéticas. Quem os deixa para trás não merece estar aqui. Não merece que haja organizações como esta que dão o litro e que por amor à camisola do clube dão o seu tempo, o seu trabalho na organização destes eventos. Quem suja estes trilhos, quem é descuidado e irresponsável a este ponto, não merece estar aqui presente. O cumulo dos cúmulos foi em Cambas, onde pela rua estreita até à saída da aldeia só se via no chão os pequenos sacos individuais onde as bolas de Berlim foram servidas. Uma vergonha!



Lá ao fundo estava Caneiros, o percurso não passava lá. Mas por lapso continuamos a subida e lá fomos nós conhece a aldeia.Os enganos nem sempre surgem em descida ;)





Nesta zona do Zêzere, já podemos encontrar a influência da barragem do Cabril. No entanto o nível da agua está muito longe daquilo que é habitual.





E se até aqui fomos vendo algumas manchas negras, fruto dos incêndios dos ano passado, com a aproximação da Pampilhosa da Serra isso intensificou-se. Depois da Selada das Pedras, subimos em alcatrão à Sancha Moura onde estava instalada a meta.





Até à Pampilhosa fomos por um bonito trilho à beira do Rio Unhais. Basicamente 6 Kms em singletrack até ao centro da Pampilhosa da Serra.





Terminava assim, o primeiro dia.
Instalamo-nos nos nosso aposentos, tomamos a banhoca, relaxamos na horizontal e fomos jantar.
Depois de jantar o Rogério ainda desafiou para um copo, mas eu já estava a caminho da cama. Foi a minha sorte, pois parece que a equipa estava forte e até teve de ir de taxi para casa.


Domingo, o dia negro tinha inicio às 8:30.
Tudo à volta da Pampilhosa da Serra se resume a negro. Os estragos dos incêndios de Outubro passado deixaram um cenário desolador neste concelho. A negridão foi uma constante na primeira metade do dia.



Essa primeira metade do dia era basicamente a subir. Começámos todos juntos, mas durante a subida ficamos cada um para seu lado. O dia não estava frio, mas o vento forte tornava tudo um pouco mais desconfortável.  Fui andando nas calmas, pois com o frio não dava para estar parado e as pernas muito menos preparadas para descer e voltar a subir. Entretanto apanhei a dupla do Taxi, o Alfaia e o Marques, andei bastante tempo com estes compinchas com quem é habitual pedalar à noite.





Chegámos ao Cabril! Estas terras, conheço-as eu bem e de há muitos anos. Quando pedalo por estas bandas existem sempre nomes que me são familiares e lugares por onde passei em garoto com o meu pai, que em trabalho vinha muitas vezes para aqui. O Cabril é uma dessas aldeias.




O cenário mais bonito foi aquele que vimos quando conseguimos avistar a Barragem de Santa Luzia e o Vale Grande. Esta barragem faz parte das minhas recordações de miúdo. Sempre impressionado com aquela construção, com aquela imponência. Adoro passar por aqui.




Talvez por esta ligação à infância que faço questão sempre que possível passar por aqui, seja em BTT ou seja pela estrada.
Das já relatadas destaco algumas, para abrir o apetite a voltar aqui:





A seguir à barragem, seguimos à beira da Albufeira por um dos trilhos do Centro de BTT da Pampilhosa da Serra, situado no Casal da Lapa. Depois disso fomos a Unhais o Velho e entrámos depois da aldeia num trilho à beira do Rio Unhais onde tinha passado em 2013 com outra tropa. Esta pequena linha de agua, o Rio Unhais nasce mesmo no fim deste trilho, já depois de Aradas, onde tivemos o direito ao abastecimento. A linha de agua depois segue para Unhais-o-Velho, é a linha de água da Barragem de Santa Luzia, é nesta agua que está montada a praia fluvial da Pampilhosa da Serra por onde passámos na chegada de sábado e é esta linha de agua que constitui um dos braços "encorpados" da barragem do Cabril, também conhecida como barragem de Pedrogão Grande.






A subida continuava depois do abastecimento. Ora em asfalto ora em terra, uma coisa era certa.... a subida. Mas as vantagens de subir por aqui é a oportunidade de contemplar a paisagem à nossa volta.



As serras da Gardunha, Açor e Lousã são bem avistadas por aqui. No entanto a que mais se destaca, é a Estrela. E que grande destaque!!!
Um pouco à esquerda destaca-se o São Bento e a sua conhecida subida, mais famosa depois de ter levado alcatrão em 2006.


Mesmo à nossa frente o ponto mais alto de Portugal continental, ainda com uma pequena amostra da pouca neve que este Inverno trouxe.



A subida continua, mas estava prestes a terminar. Lá de cima já podíamos avistar São Jorge da Beira na encosta da Serra do Açor, mais propriamente na encosta da Cebola, o ponto mais alto da Serra do Açor. Ainda no sábado comentava com o meu amigo TóZé a primeira vez que por lá passei em cima, trazendo ao engano três amigos atrás, o Sousa, o Coelho e o Valdemar. Estávamos em 2006, e a vontade de inventar era enorme :)
Mas entre outras que lá passaram em cima, gosto muito daquela que um dia saí de casa para ir dormir a Loriga e pelo caminho passei no cimo das três serras da Serra do Açor, a primeira foi a imponente Cebola, depois seguiu-se o São Pedro do Açor e logo depois a Srª das Necessidades mais conhecida como Monte Colcurinho. Grande volta.



Daqui até se vê timidamente Unhais da Serra. Para mim, o mais interessante é poder enquadrar no mesmo registo fotográfico Unhais da Serra e o vale da Alforfa juntamente com as casas do complexo mineiro  na Barroca Grande.




Seguiu-se a descida para a aldeia de São Francisco de Assis. Novidade para mim todos estes meandros, pois tenho sempre passado por aqui no alcatrão. Os recantos são lindíssimos e a chegada ao Ourondo é muito bonita à beira rio, o Rio Zêzere.





No Santuário da Nossa Srª do Carmo, encontrámos novamente as bolas de Berlim. Que ideia fantástica. Grande upgrade para ajudar aos quilómetros que faltavam. Dali seguimos pelo Barco e pelo Peso até pisar novamente terras do Fundão.


A foto da praxe!! Grande GeoTour. Esta malta do BTT Gardunha está de parabéns. Tudo ao nível do melhor! Mas há malta que não merece o esforço de organizações como esta. Há malta que não é digna de participar, tal é o descuido e a despreocupação que têm com o lixo que deixam pelo caminho. Esperemos que esta falta de civismo evolua positivamente no meio dos praticantes de bicicleta. Quando penso que as coisas vão estando melhores, há sempre umas quantas ovelhas negras, ou melhor uns porcos.









2 comentários:

João disse...

Já tinha saudades de vir aqui ver as descrições destas pedaladas pelas serranias do Açôr.

Por pouco no Cabril passavam-me à porta.

Pelos vistos subiram das Cambas até à Portela do Armadouro. Nunca fui para aí. Tenho que ver o track.


Obrigado e um abraço

João

Tiaguss disse...

Viva João
E que saudades que eu tinha de pedalar por ali!!
Lembrei-me de ti quando passei no Cabril.
Aquela zona mais chegada à Pampilhosa da Serra está uma lástima. Vamos esperar que a Natureza traga de volta o verde.
Até um dia destes
Abraço