domingo, abril 19, 2015

Jálama (Sierra de Gata)


Tudo começou com este boneco, publicado no facebook do João Luís. Com uma encosta verde e tentadora como esta, e com os nomes a denunciar o local, as perguntas começaram logo a surgir. E rapidamente o homem tratou de nos orientar um bonito passeio de BTT pela Sierra de Gata (Espanha).


O ponto de encontro estava marcado na Aldeia do Bispo (Sabugal). A maior das coincidências do dia foi estar a chegar ao largo da aldeia e encontrar os meus companheiros do pedal da Covilhã. A "minha" malta dos noturnos (os quais tenho sido pouco assíduo este ano), também estava ali às 9:00 na Aldeia do Bispo para um passeio (outro) pela Sierra de Gata. A probabilidade de num domingo normalíssimo, haver duas voltas planeadas, de malta conhecida, num local onde não é frequente pedalar era reduzida, mas aconteceu. 

Cada um seguiu o seu plano. Nós fomos diretos à fronteira (nem dei conta de passar por ela) e chegamos ao pueblo de Navasfrias. Aqui saltou-me à vista uma placa sobre um pequeno ribeiro que dizia nada mais nada menos que "Rio Águeda". Ora, o Rio Águeda que conheço tem muito mais "corpo" que este pequeno regato. Em voltas como esta em 2009, ou esta das Amendoeiras em 2011, ou mesmo esta em que até fomos a banhos no Rio Águeda, encontramos um rio com muito mais caudal. Certo é que o Águeda nasce mesmo por estas bandas.


Pesquisando mais um pouco percebemos que se pode tratar de um irmão gémeo do Rio Côa, só que nascido e criado do lado de lá. Enquanto o Côa é 100% português, o Rio Águeda nasce e vive em Espanha e desagua no Douro (como o "irmão") marcando antes da sua foz, durante alguns quilómetros a fronteira entre os territórios de Portugal e Espanha. A Serra das Mesas é assim a mãe destes dois irmãos que têm como destino o Rio Douro.


Entrámos em terra logo a seguir à ponte sobre o Águeda, à saída de Navasfrias. À nossa espera, estavam caminhos bons, paisagens bonitas, ambiente animado e o primeiro problema técnico do Fernando que ficou privado de usar o travão traseiro. Nada que inviabilizasse o passeio, pois o remedeio veio logo a seguir. Mãos de uns, ferramentas de outros, bitaites de uns, trabalho de outros "et voila".





Depois das matas de pinho e carvalho, aparece-nos o monte Jálama, um dos picos emblemáticos da Sierra de Gata. O caminho ciclavel, não nos leva ao topo, mas leva-nos até bem perto.



Passámos por El Payo e fomos aproximando-nos da base do monte, que visto deste lado merece respeito, mas se por acaso estivéssemos na encosta Sul, merecia ainda mais. Do lado de onde vimos, a Norte do monte Jálama é como se um planalto se tratasse. Na foto abaixo retirada do google earth, conseguimos identificar a encosta Sul onde está San Martin de Trevejo e a Norte o planalto com um pouco mais de altitude. 




Para subirmos o Jálama teríamos depois de regressar pelo mesmo caminho. Ir lá era para apreciar as vistas, olhar em volta, desfrutar do esforço despendido durante a subida.


Apanhamos algumas surpresas enganadoras (não, não subimos aquilo), pois por vezes os caminhos não eram os mais evidentes. 

Entretanto houve outro problema técnico, desta vez devido ao excesso de potência do Quelhas. Corrente partida, rapidamente resolvido para voltar ao caminho.




A meio da subida, já as cores da Primavera davam o realce espectacular a tudo o que víamos à nossa volta. Toda aquela urze elevavam o tom rosa até perder de vista. Fez-me lembrar a forma que encontrei a Serra do Açor em Maio do ano passado




Como não estamos no nosso território torna-se mais difícil identificar os "pueblos" que "miramos" durante a subida.










Mas lá bem ao fundo, está uma cidade bem nossa conhecida, a nossa cidade mais alta, a Guarda.






Chegamos ao fim do trilho (para bicicletas). O caminho continua até ao topo, mas nós queríamos era andar de bicicleta.....
Desfrutamos (mais) um pouco das vistas e iniciámos a descida. Inicialmente o mesmo trilho que subimos, que depois passou a caminho técnico.








Até chegar ao miradouro o caminho variava entre técnico e muito técnico. Onde por vezes foi mais sensato desmontar. Ainda ouvi dizer que alguém deixou fugir a bicicleta, mas não vi nada.




No miradouro, a meia encosta, voltamos a "babar" com as vistas. Eram as mesmas, eu sei, mas a paisagem era fantástica.


Foi então que alguém disse "Alto! Então e o cabrito?" :) Com isto tudo a malta já se estava a esquecer do que tínhamos à espera. Mentira!!!! Desde as nove da manhã já se falava do cabrito.

Seguiu-se a parte pedonal. Ops, caramba que esta parte não era para contar. O trilho de técnico, passou a muito técnico e logo depois a pedonal. Coisa normal para quem anda nestas andanças. Mas havia lá malta mais esperta e experiente, pois vi-os de sapatilhas de caminhada. Pareceu-me que também vi alguém de bastões de caminhada, mas não consigo afirmar com certeza.




Seguiu-se mais uma das partes mais bonitas do percurso. Um pequeno carreiro, que contorna a meia encosta (quem o vê desde o Sul) o monte Jálama. Aos nossos pés temos a província espanhola Extremadura, Castilla y Leon, ficava para trás.








O trilho convidava a paragens constantes, tal era a conjugação do trilho com a paisagem da serra.





Garantidamente a Sierra de Gata merece mais umas tantas visitas.




Num dos ganchos do percurso o Quelhas encontrou uma pequena queda de agua, escondida atrás das giestas e do mato.





O que é um "Monte de Utilidad Publica"? Todo o monte que pelas suas características, presta um serviço à comunidade é um "Monte de Utilidad Publica". Este serviço pode ser identificado de várias maneira e uma delas é aquela de que usufruímos ao passar por ele. O facto de nos proporcionar este convívio com a Natureza, promovendo a actividade física. Mais informações no site do Gobierno de Extremadura 





A parte seguinte, fez-nos entrar nos bosques que são imagem de marca da Sierra de Gata. San Martin de Trevejo estava à nossa espera, mas tivemos de alterar o plano inicial.


A ideia era descer a San Martin e depois subir por uma calçada romana ali existente. No entanto a hora já estava adiantada e tínhamos à espera o bicho. Mas o bicho podia esperar mais um pouco, só que o desviador/dropout torcido na bicicleta do Fernando ajudou à decisão de regressar pelo asfalto.





Com este regresso, ajustamos o almoço para uma hora mais... de almoço e não de lanche. 


Até paramos na discoteca e tudo.



O João Luís, com um cúmplice local, o Eng. Ismael orientou-nos muito bem o dia. Tomamos o nosso merecido banho num turismo rural e almoçamos um saboroso cabrito assado.



Que dia fantástico. Obrigado a todos, principalmente ao amigo Jony.

Deixo mais uma ponta de uma curiosidade na Aldeia do Bispo.... 


A mesma volta pelos olhos do amigo, o capitão Carlos Gonçalves no Caruncho BTT.


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