quarta-feira, julho 08, 2009

Transpirinaica

Travessia dos Pirineus, Transpirinaica, transpirineus etc .... vários nomes para descrever uma rota de BTT magnifica que liga o Mar Mediterrâneo desde Llançà ao Oceano Atlântico em Hondarribia, pela cordilheira dos Pirineus.


As primeiras vezes que visitei os Pirineus, foi sempre de mochila as costas e sempre virado para actividades sem duas rodas. Apesar de conhecer esta rota à alguns anos foi só num passado recente que vi a possibilidade de a realizar e na altura certa lancei o desafio aos meus companheiros habituais destas andanças o meu primo Mané e o meu amigo Coelho.

Por diversos motivos, ultimamente as coisas estiveram "tremidas" para o meu lado quanto à minha ida. Acima da forma física é necessário estar psicologicamente forte o que não era o meu caso o que dificultou um pouco os primeiros dias. Para mim, o primeiro dia que é em termos de percurso o mais facil ..... para mim foi sem duvida o mais difícil de ultrapassar ....

Mas, lá foi possivel partir e realizar esta linda e dura travessia....

Basicamente a nossa rotina foi definida desta forma, acordar entre as 5:30 e as 6:00 e o mais tardar às 7:00 estar a pedalar. Existem várias e boas razões para começar tão cedo, as principais eram sem dúvida escapar ao calor e minimizar a probabilidade de apanhar trovoadas ao fim da tarde. Claro que depois conseguiamos tratar de sitio para dormir, comer, etc nas calmas e ainda tinhamos tempo para dormir uma pequena sesta antes de jantar.

Vamos lá ver se consigo descrever minimamente 0s 15 dias a pedal.

Dia Zero (sábado, dia 20 de Junho de 2009)
Foi o dia dos transportes e das correrias para chegar a Llançà.
O meu primo Pedro foi levar-nos ao Porto para apanhar o avião para Girona. Tinhamos de lá estar às 7:00 da manhã para fazer o check-in da biclas.
O vôo correu dentro da normalidade. A unica coisa anormal foi mesmo os 5 euros que o Coelho pagou por um sumo de laranja e um croissant seco no avião. Roubadissimo!! Se viajamos numa low cost, não devia ser tudo barato?? :)

A bagagem

No aerporto Sá carneiro

Assim que aterramos em Girona, deu logo para apanhar um autocarro para a estação dos comboios, sem grandes esperas e sem problemas com as nossas 3 bagagens. Na estação da Renfe, já nos colocaram problemas com a bagagem ao tirar o bilhete e mesmo o proprio revisor do comboio que apanhámos em cima da hora. Muita confusão, houve inclusivé pessoas que não puderam apanhar o comboio, mas ainda sem perceber porquê nós estrámos, saímos, voltámos a entrar e passados nem uma hora estávamos na estação de Llançà.


Chegando a Girona

O dia estava ventoso, foi por pouco que não perdemos coisas assim que desarmamos os caixotes na estação para já ali montarmos as biclas.



Arranjámos sitio para ficar num pequeno hostal junto à estação e fomos dar uma volta a conhecer a vila. Aproveitámos também para almoçar (tarde) junto ao pequeno areal da praia.




Dia 1 (domingo, 21 de Junho de 2009)

Llançà - Albanyà
Distância: 68 Kms
Acumulado de subidas: 1680 metros
Altitude minima: 0 metros
Altitude máxima: 372 metros


Foi o primeiro dia a pedal.
Saímos e fomos picar o ponto à praia de Llançà, ainda não eram sete da manhã. O dia foi de sobes e desces, com a cordilheira ainda como pano de fundo muito diferente dos dias que se avizinhavam. Ainda apanhamos muito vento durante as primeiras horas do dia, o que também não ajudou a mais uma habituação na condução da bicicleta com o peso extra de cerca de 10 Kg.

Amanhecer em Llançà

Vento na praia

A cabeça ainda não estava mentalizada para passar tanto tempo fora. Felizmente o primeiro dia correu bem, pois acredito que ao mínimo incidente teria regressado a casa. Há dias assim ...

Os primeiros Kms

Passámos por muitas povoações, fizemos algum alcatrão por estradas pouco movimentadas e chegámos bem cedo a Albanyà, ainda não eram 14:00.

A primeira subida

O primeiro cimento

A pedalar numa zona militar






Em Albnanyà, ainda se falou em pedalar um pouco mais, mas como ainda só era o primeiro dia e o camping Bassegoda era muito bom, tinha sitio para jantar, para fazer as compras do dia seguinte e era bom para descansar, ficámos por ali.



Um rio de barro ...

No bongalow após o 1º dia a pedalar.

Ainda deu tempo para ir à agua e tudo. E logo eu ...


À noite, já no fim do jantar uns madrilenos meteram conversa com o Mané, por nos terem visto a ler o livro que nos acompanhou desde sempre. Eles também estavam a fazer a transpirinaica e como vão ver encontramos estes companheiros mais uma serie de vezes. :)

O nosso guia.


Dia 2 (segunda-feira, 22 de Junho de 2009)

Albanyà - Camprodon
Distância: 64 Kms
Acumulado de subidas: 1970 metros
Altitude minima: 222 metros
Altitude máxima: 985 metros


Logo nos primeiros quilómetros, a primeira corrente partida da travessia foi para o Mané.



As paisagens deste dia já eram de Pirinéus a sério. :) Assim como as subidas, as descidas, etc ...



Apesar do contratempo técnico com a corrente do Mané, a primeira subida do dia para o Coll de Riu, fez-se ainda com uma boa temperatura.



Todos gostamos de pedalar por zonas arborizadas. Aqui elas não faltam, o único inconveniente é que por vezes privam-nos de observar melhor as paisagens por onde estamos a passar.



A descida para Sadernes, deu para começar a ter uma ideia de como as descidas desta travessia poderiam fazer moça no material. Esta por acaso era rápida e não era muito estragada, mas as bicicletas, com o peso que levavam e para não estragar o conjunto bicla/alforge precisavam de mais uso do travão.










Depois de Sadernes, começámos a segunda subida do dia. Esta de 35 Kms leváva-nos de novo praticamente aos 1000 metros em Camprodon. Mas o pior da subida eram as duras rampas que de vez em quando nos apareciam à frente. As que antecediam o Coll de Carreres eram bem empinadas. Ainda parámos em Montagut para fazer umas compras mas estava tudo, tudo fechado por ser imagine-se segunda-feira. Nem mercearias, nem sequer um único café estava aberto.



Daí para a frente foi um constante sobe e desce "por la carretera", onde se subia mais do que se descia e isto já com o sol bem a dar-nos no lombo.





E já quase no fim da etapa, mas como iamos cheios de fome e cheios de sede, paramos no primeiro tasco que encontrámos. Bem, não era bem tasco era um pequeno hostal chamado Els Roures que também tinha um camping e que a única coisa que tinha para nos dar era ..... macarrones. Foi então que decidimos almoçar práticamente às 16:00.




Não podiamos ter sido mais bem servidos. O Melão de sobremesa estava bem docinho (graças ao açucar), as coca-colas e os nesteas estavam bem fresquinhos, logo estavamos prontos para mais uns quilometros de sol.

E com mais umas subiditas chegámos a Camprodon.


O Mané tinha tirado de um blog de um espanhol de Cuenca, umas referências quanto aos sitios para ficar durante a travessia. E sempre que havia boas referências, procuravamos o sitio onde era normal tratar bem os ciclistas, com sitio para guardar as biclas e tudo.

E em Camprodon ficamos no Hostal La Placeta. Aqui aprendemos mais uma coisa, como saímos antes de ser servido o pequeno almoço, é costume pedir um "pic-nic" em substuição. É nada mais nada menos que um pequeno almoço volante, que neste pequeno hostal teve direito a sumo, bolo e fruta, mas mesmo assim pedimos um "bocadillo" para cada um para a viagem. Aqui há hora de jantar voltámos a encontrar os madrilenos o Paco e o Pedro. Conversámos mais um pouco, pois o Paco já era a 4ª vez que tentava fazer toda a transpirinaica, pois por vários tipos de razões foi forçado a desistir das outras vezes.

Hostal La Placeta

Dia 3 (terça-feira, 23 de Junho de 2009)

Camprodon - Planoles
Distância: 62 Kms
Acumulado de subidas: 1927 metros
Altitude minima: 925 metros
Altitude máxima: 2053 metros


De Camprodon a Planoles são pouco mais de 30 Kms e esta rota transpirinaica prevê as duas variantes. Optamos pelo plano original de fazer a mais larga que ruma um pouco mais a Norte para ir a zonas lindissimas como é o Collet de la Gralla e a Collada Meinanell.

Esta etapa era mais uma tipica etapa pirinaica de duas subidas por dia como dá para ver no gráfico. A primeira para fazer pela manhã pela fresca e a segunda para fazer com mais calor.

E quando digo pela fresca é caso para dizer que estava bem fresquinho. Até entrar numa encosta aquecida pelo Sol, chegámos a apanhar somente 4 graus centígrados quando rolávamos pelo vale nos primeiros 5 kms até Viallonga de Ter.











Nesta etapa apanhámos as primeiras zonas de pasto. Muito, mas muito gado pasta nestes montes pelos 2000 metros.






Um pastor com quem falámos.

O verde destas paragens com as imponentes vertentes destas encostas arregalam-nos as vistas a cada curva que fazemos, a cada subida que terminamos. E assim que fizemos os primeiros 20 Kms sempre a subir .... seguiram-se os 20 Kms seguintes, mas desta vez sempre a descer.

O track que tinhamos deste dia tinha uma pequena gafe, isto é, um pequeno atalho por um caminho particular o qual tinha um aviso na entrada à entrada. Aqui foi necessário usar o road book do guia para chegarmos direitinhos a Ribes de Freser.




Em Ribes de Freser, fizemos uma pausa para almoçar junto ao rio. O Mané que tinha feito as compras nesta terrinha além de fruta e sumos comprou tambem quase UM QUILO de bolachas Chiquilin que deram para não sei quantos dias.

E para depois de almoço tinhamos a segunda subida do dia que passava por Vilamanya, uma terrinha antecedida de umas duras e longas rampas de cimento e alcatrão com inclinações por vezes perto dos 20 %.



Depois destes 15 Kms de subida chegámos ao alcatrão de acesso a Planoles. Fizemos uma paragem para abastecer e iniciámos a descida.




Pelo caminho parámos no Camping onde era para termos ficado, mas como não estava ninguem na recepção, continuámos a descer até um albergue que ficava na outra ponta deste "pueblo".



Aqui o jantar foi muito fraquinho, umas salsichas e uma fatia de piza, mas tivemos sorte que a terrinha tinha duas "tiendas de comestibles" e deu para comprar bastantes mantimentos para o dia seguinte. E mais sorte tivemos quando o Mané deu conta que tinha sobrado comida no refeitório e cravou a cozinheira que nos deu mais comida para levar. Mais do que aquela a que tivemos direito ao jantar. :) Andamos o dia seguinte sempre a comer piza com salsichas.


Dia 4 (quarta-feira, 24 de Junho de 2009)

Planoles - Baga
Distância: 58 Kms
Acumulado de subidas: 1784 metros
Altitude minima: 832 metros
Altitude máxima: 2096 metros


Esta etapa é uma daquelas que definitivamente não dá para fazer de inverno e é fácil de ver porquê, basta ver onde passa o percurso.

Saímos de Planoles e fizemos sempre alcatrão até à Collada de Tosses. Aqui virámos à esquerda para entrar numa das zonas de pasto mais povoadas que vimos.









A caminho do Cap de Costa Rasa entrámos numa zona onde as vacas, os cavalos as ovelhas se perdiam de vista... Foi sem dúvida o maior "ajuntamento" de gado que vimos durante toda a estadia pelos Pirinéus.







Os caminhos por estes lados como são frequentados por estes criadores de gado, estão sempre em boas condições.



Um potro acabdinho de nascer.




Assim que chegámos ao alcatrão entrámos na zona da estancia de ski de La Molina. O nosso percurso ia por enquanto cruzando as pistas de ski desta estancia catalã.

E a segunda corrente partida vai para o Koelhone num dos zigues e zagues da Estância de Ski. E enquanto uns solucionam um problema técnico outros resolvem outro tipo de problemas.




E no cimo da estância, deixamos de nos cruzar com as pistas, para entrar nelas. A descida mais escavacada e empinada deste dia corresponde a uma das pistas da estância.

A descida do dia, pela pista de ski.






Pelo caminho um engarrafamento num sendero, que o Coelhone tratou de resolver.



Depois de descer tudo, fizemos um pequeno desvio para ir comer um bocadillo na Estância de Ski visinha, a Estância Mansella.

Assim que voltámos ao percurso, encontrámos mais uma vez o Pedro e o Paco. Aqui a rota não cruzava as pistas de ski, mas subia por elas por rampas de terra batida durissimas, feitas pela hora do calor e que nos punham de lingua de fora.







Vista sobre a pista que tivemos de descer

Assim que nos escapámos do ski entrámos na estrada que nos levou ao Coll de Pal.






A partir do Coll de Pall tínhamos basicamente de descer para Bagá. Fizemos um pouco de alcatrão e mais à frente, quando de novo entramos em trilho demos de caras com a lindíssima e imponente face Sul da Pedraforca.









Mal entrámos em Bagá, não virámos para o centro do "pueblo" pois tinhamos um camping mesmo no caminho. O parque era fraquito, bem comparado com o do primeiro dia era dificil arranjar melhor, mas além de não ter supermercado o bongalow era tipo contentor. Tinha a mais valia da piscina, onde deu para ainda dar um "mergulho" um pouco antes de começar a caír pedra das nuvens.







Dia 5 (quinta-feira, 25 de Junho de 2009)

Bagà - Noves de Segre (Adrall)
Distância: 75 Kms
Acumulado de subidas: 1850 metros
Altitude minima: 601 metros
Altitude máxima: 1908 metros


Depois do granizo do dia anterior, o quinto dia amanheceu cinzento (em todos os aspectos) e com alguns chuviscos que cedo pararam e deram lugar ao sol.


Após a subida por entre o denso pinhal até ao Coll de la Bena, seguiu-se uma zona mais aberta que já nos deixava ver as vistas sobre o que estavamos a subir.




Esta subida levou-nos desde os 800 até aos 1900 metros em 20 Kms. Deu para avistar a face Norte da Pedraforca e seguiu-se um pequeno sendero no inicio da descida para Tuixen.








Em Tuixen, parámos para comer uma tortilha. No "tasco" estava um catalão que também estava a fazer a mesma rota que nós. Continuamos a descer depois de Tuixen e fizemos a ultima subida do dia para o Coll d'Amat.


A subida foi-se fazendo bem. O que a tornou mais dura foi o demasiado calor e a ausência de sombras. Pelo caminho, um marco no minimo curioso, a distância para Bogota e Saigão ali no meio do Pirineu Catalão.



O demasiado calor, fez estragos mesmo ao chegar ao fim da subida. Tanta humidade e tanto calor deu trovoada com chuva para toda a descida.

Para a dormida de hoje havia um pequeno problema logistico. Sabiamos antemão que o unico hostal de Noves de Segre estava fechado (afinal estava convertido a bar de luzes "rojas"). Como estávamos na estrada para Andorra, pedalámos mais uns 6 Kms até Adral onde já tinhamos ligado a marcar alojamento numa pequena pensão.



E foi em Adral que levámos o maior barrete ao jantar. Para sermos simpaticos, fomos jantar ao restaurante da senhora que nos arranjou dormida e fomos jantar a um sitio que tinha dois copos para cada pessoa. Em Espanha não é normal se se quer fazer uma refeição mais económica.


Dia 6 (sexta-feira, 26 de Junho de 2009)

Noves de Segre (Adrall) - LLavorsi
Distância: 52 Kms
Acumulado de subidas: 1304 metros
Altitude minima: 638 metros
Altitude máxima: 1739 metros


Saímos de Adrall e já não voltámos atrás para repetir o que tinhamos feito no dia anterior. Apanhámos o alcatrão que nos leva até Canturri para de novo seguir o caminho traçado.



A caminho de Llavorsi passámos por um bosque lindissimo que nos levou a Sant Joan de l'Erm, uma pequena ermida no cimo da montanha, onde também existe um refugio que nos pareceu bastante agradavel.









Iniciámos a descida para Llavorsi, mas parte da descida era com muito mau piso o que nos obrigou a abrandar o ritmo para não estragar nada.





Llavorsi segundo a descrição do livro, é um dos principais centros de desportos de aventura dos Pirineus. E mal chegámos à estrada de acesso a esta localidade começámos logo a ver passar alguns raftings.


Neste dia chegámos bem cedo. Deu tempo para a lida normal de fazer compras, lavar roupa, dormir a sesta e desta vez até chegámos a tempo de almoçar de faca e garfo (com um só copo). Ficámos instalados no hostal La Noguera, onde deu para dar uma lavadela as bicicletas e tudo. Foi mais um dia que nos valeu ter começado cedo, pois cerca das 15:00 as nuvens de trovoada começaram a descarregar e bem.

E depois do passeio pelo "pueblo" encontrámos de novo o Paco e o Pedro que estavam instalados no mesmo hostal que nós. Ainda bebemos um copo depois da chuva e acabámos por jantar todos.



Dia 7 (sábado, 27 de Junho de 2009)

Llavorsi - La Torre de Cabdella
Distância: 61 Kms
Acumulado de subidas: 1749 metros
Altitude minima: 802 metros
Altitude máxima: 2270 metros


Saímos de Llavorsi e apanhamos a estreita "carretera" que nos levou a Arestui e nos fez passar ao lado de Baiasca, duas pequenas aldeias destas encostas.



Já pedalávamos por uma zona de muito arvoredo e só ao fim de 30 Kms, depois de termos passado o Coll de Rat é que a vegetação nos deixou ver as vistas. E que vistas ....




A hora da primeira refeição volante do dia foi assim que chegámos a Cabaña de Quatre Pins. Sem dúvidas uma magnifica varanda virada para a Este, com um pequeno refugio à beira do caminho.











Assim que estávamos a arrancar depois de nos termos deliciado com o "desayuno" e com as vistas chega o catalão que tínhamos conhecido em Tuixen. E lá seguimos os 4 ...




As rodas traseiras dos três começavam a dar sinais de algum desgaste extra. Os cepos de vez em quando já agarravam nas descidas, mas o problema técnico deste dia resolveu-se bem. O Coelho partiu um raio da roda de trás que deu para substituir e em 15 minutos estávamos de novo a andar. A unica loja de bicicletas era em El Puent de Suert, mas iamos lá chegar a um domingo, daí que o material teve de ir aguentando sem a manutenção que já estavam a pedir.


Estas paragens são frequentadas por amantes da natureza com as mais variadas actividades. Pessoal de mochila as costas, de bicicleta as costas (às vezes também acontece) e nesta etapa encontramos um casal britânico agarrados a fotografia. Perguntámos o que fotografavam e eles responderam .... tudo!! :) Desde as vistas, à bicharada, às nuvens ....


Continuámos a nossa subida do dia de mais de 30 Kms, sempre à procura da descida vertiginosa que o livro descrevia para descer a Espui.










Lá em cima ainda fizemos uns bons quilómetros a serpentear as encostas. Como era fim de semana passámos por muita malta a pedalar.






Mas começaram a aparecer alguns com muita pressa, que levavam número na bicicleta e iam agarrados a um road book. Estava por ali a passar alguma prova. Foi então que o Mikel (o catalão de Barcelona que nos estava a acompanhar) nos explicou o que era. A prova era uma brutal prova de resistência dos Pedals de Foc. Uma prova onde há malta que a faz num só dia e os números são nada mais nada menos que 220 Kms com quase 6000 metros de acumulado de subidas. Realmente achei estranho ver malta ao meio dia a pedalar já com um frontal ao pescoço, só depois percebi que já se preparavam para o anoitecer.









Parámos no Coll de la Portella para vestir o corta-vento e comer mais qualquer coisa, pois o vento era fresco, estavamos nos 2200 metros e seguia-se uns bons quilómetros a descer.




E após o Coll de Triador, iniciámos a descida veriginosa de bom piso até Espui. Eramos nós a descer e muita malta a subir estes zigues e zagues da encosta.







Ao fim da descida e já em Espui reparo que agora a minha corrente é que estava com problemas, encavalitou-se na descida entre os raios e a cassete e danificou um elo. A tarefa mais dificil foi tirar a corrente de onde estava, mas depois disso tudo se resolveu com a troca do elo estragado por um elo de ligação rápida.


Estava previsto ficarmos a dormir em Espui, mas sabiamos pelo Paco, da existência de um albergue em Torre de Cabdella e avançámos mais uns 5 Kms até lá. À porta do albergue estava montado um controle dos Pedals de Foc. Já tinhamos passado pelo primeiro participante há umas horas e ainda estava a chegar malta para a se enfiar na montanha onde certamente iriam passar a noite a pedalar.


Já instalados, fizemos o nosso lanche antes da merecida sesta. À noite o Paco e o Pedro apareceram no albergue para jantar. Estavam instalados na aldeia.

Mikel, Coelho, Mané e eu na hora da tortilha.

La Torre de Cabdella


Dia 8 (domingo, 28 de Junho de 2009)

La Torre de Cabdella - Bonansa
Distância: 56 Kms
Acumulado de subidas: 1864 metros
Altitude minima: 840 metros
Altitude máxima: 1592 metros


O Mikel este dia, madrugou, arrancou connosco e acompanhou-nos durante os primeiros quilómetros. O inicio desta etapa presenteou-nos com um "sendero" de 3 Kms que a maioria das vezes se teve de fazer a puxar pela bicicleta até ao Coll d'Oli devido à sua caracteristica demasiado técnica.
















Passámos por El Pont de Suert, onde surpreendentemente encontrámos uma mercearia aberta e com receio de segunda-feira apanharmos tudo fechado fizemos aqui as compras para o dia seguinte. Estávamos a sair da Catalunha e a entrar na provincia de Aragão.



A subida para Bonansa não foi pêra doce, além da parte em alcatrão ter muita inclinação (para variar), assim que entrámos em terra o caminho tinha alguma pedra solta e estava em algumas zonas bastante escavacado.

Arranjámos poiso para dormir em Bonansa na Casa Luis, onde fomos recebidos por uma simpatica senhora e logo avisámos que o mais certo era aparecerem mais três ciclistas. Enquanto dormiamos a sesta chegou o Paco e o Pedro e mais tarde chega o Mikel que logo ficou surpreendido quando a senhora o abordou dizendo, que só faltava ele.





Dia 9 (segunda-feira, 29 de Junho de 2009)

Bonansa - Escalona
Distância: 75 Kms
Acumulado de subidas: 1998 metros
Altitude minima: 632 metros
Altitude máxima: 1612 metros


Desde que começámos a Transpirinaica que pensávamos em juntar duas etapas em uma, para poder chegar mais cedo a casa, mas na conversa com o Paco delineamos uma alternativa à de juntar as duas ultimas. Já que estávamos em Bonansa, andariamos até meio da etapa seguinte para dormir em Escalona e não em Senz. Adiantavamos assim meio dia e o outro meio adiantávamos no dia seguinte. Decidimos então que em Escalona nos encontrariamos os seis de novo ao final do dia.

Subimos ao alto de Bonansa e fizemos uma curta descida antes de virar para a terra batida, onde o Mikel nos fez quase sempre companhia.










O engraçado desta etapa é que por onde pedalávamos conseguíamos avistar na cordilheira picos como o Aneto (3404 metros) e o Posets (3375 metros) que eu já visitei de mochila as costas em 1996. Txiiiii ...... como o tempo passa :) Encontrei por acaso um texto que na altura o meu amigo Carlos Baía deixou no jornal Terras da Beira.




A zona do Parque Natural de Ordesa e Monte Perdido também já dava um ar da sua graça e sem conseguir ver bem onde, era possível avistar-se a descolagem de um dos locais de vôo livre mais emblemáticos dos Pirineus, Castejon de SOS que recebeu em 1993 (se não me engano) um dos primeiros Campeonatos do Mundo de Parapente.




Mais uma descida massacrante, cheia de pedra solta e chegámos a Seira, onde fomos a procura de comida e acertámos em cheio! :)




E assim que já estávamos de barriga cheia prontos para sair, chega o Mikel que após lhe ter mostrado a foto da tortilha e do jamon não hesitou em entrar também.

Começamos a descer por alcatrão e havia zonas do rio que me eram familiares, só depois reparei que já tinha fotografias deste vale. Fotografias estas com 13 anos, de quando cá passei com o Carlos Baía e o clã Gerónimo (Helder, Luisa, Rita e Joana) a caminho de Benasque.




Deixámos a "carretera" principal e virámos para a central electrica a caminho de Viu.



Sempre que nas descrições das etapas falava em rampas de cimento, isso é logo sinónimo de dureza e de usar o prato pequenino do pedaleiro (o prato mais usado de toda a travessia).


Começámos com alcatrão e só em Viu, onde paramos para fazer algum isostar pois o calor apertava, é que entrámos num misto de algum cimento e terra batida bem inclinada.

Assim que atingimos o Collado de Cullibert, rumamos a La Collada, por trilhos bem estreitos por entre um denso e bonito arvoredo.















A partir de La Collada tinhamos basicamente que descer para Escalona por Ceresa e Laspuña.










E mais uma vez, tal como combinado juntámo-nos no mesmo hostal, eu, Mané, Coelho, Paco, Pedro e Mikel. No dia seguinte nós íamos fazer mais dia e meio para assim ganhar um dia e eles os três iriam fazer uma variante pelo Vale de Ordesa. Combinámos de nos encontrar quinta-feira em Isaba, pois aí já todos tínhamos ganho um dia ao percurso original.

Já instalados.



Dia 10 (terça-feira, 30 de Junho de 2009)

Escalona - Senegue (Sabiñanigo)
Distância: 102 Kms
Acumulado de subidas: 2111 metros
Altitude minima: 626 metros
Altitude máxima: 1759 metros


Foi um dos dias mais dificeis pelas variadas razões. Percurso duro, calor e problemas técnicos, foi sem duvida um dia muito rico.

Começamos o dia a subir pelo lindissimo Vale de Añisclo, de tal forma fechado que o sol tardou em aparecer.










E quando apanhamos finalmente com Sol, fizemos uma animada paragem para abastecer com direito a video com banda sonora do telemovel e tudo. Valeu a boa disposição, pois logo de seguida a subida ficou bem mais dura pois o que faltava subir, subiu-se de uma vez até ao Collado de Fanlo.










Depois do collado descemos num àpice a Fiscal. Uma terrinha com um pouco de tudo, supermercado, multibanco, etc. Aroveitámos para fazer as compras pois a terrinha onde supostamente iamos ficar (Senegue), tinha somente o hostal e como era pequeno ligámos a marcar dormida, pois no caminho apanhamos um aviso a lembrar a reserva para os cicilistas.

E se as rodas já andavam a moer o juizo a cada um de nós, na subida seguinte cheia de lama e pedras, ajudou à degradação final.





Nesta parte do percurso fomos passando por várias povoações abandonadas, como a da foto abaixo em Sasa, onde parámos um pouco.



Nesta altura já a roda do Mané tinha dado o berro final. O cepo agarrou de vez e tinha de estar sempre a pedalar quer fosse a subir ou a descer. Os 35 Kms de subida tardavam a passar depressa, pois o piso muito pedregoso, escorregadio e humido prejudicavam a progressão.





Depois de Sasa o caminho foi melhorando e o piso tornou-se regular o que nos permitiu imprimir um bom ritmo na subida duranta mais de uma hora praticamente até ao Cuello de Tres Cruzes.



E aqui o primeiro problema chato do dia, o suporte do alforge do Coelho estava fissurado e não demoraria a partir. Tiramos algum peso para o meu alforge e para o do Mané a fim de lhe prolongar um pouco mais a vida.

A roda do Mané estava KO e os nossos cepos estavam a ameaçar fazer o mesmo. Consultámos o livro e reparámos que a 6 Kms do local onde iamos dormir existia uma loja de biclas com oficina.



No meio de tanto azar tivemos sorte, telefonámos a perguntar se mexiam em rodas Mavic e a resposta foi a que mais queriamos ouvir. Eram praticamente seis da tarde e como o Mané (por causa da roda) e o Coelho (por causa do suporte) tinham de descer mais devagar fui andando a fim de apanhar a loja aberta. O piso desta descida começou escavacado e logo passou a um piso rapidissimo. Foram os 30 Kms mais alucinantes que fiz em toda a travessia. Descida a todo gas e como a confiança neste sistema de alforges que trazia engendrado pelo Mané, até voava nas lombas. Assim que entrei em alcatrão foi sempre a rolar a fundo até Sabiñanigo.

Lá dei com a loja BiciAventura e nem 10 minutos tinham passado, chegou o Coelho e o Mané ainda com a pele da cara esticada do gas que demos no caminho.

Fomos lavar as biclas que estavam imundas e fomos deixa-las de novo à loja. O senhor prometeu que no dia seguinte ia mais cedo para a loja e pegava nelas logo de manhã.


Dia 11 (quarta-feira, 1 de Julho de 2009)

Sabiñanigo - Aragues d'O Puerto
Distância: 63 Kms
Acumulado de subidas: 1625 metros
Altitude minima: 793 metros
Altitude máxima: 1494 metros


A manhã foi passada nas ruas de Sabiñanigo. Tivemos tempo para tudo e mais alguma coisa. Fomos à procura de uma mochila para o Coelho usar em substiuição dos alforges e fomos à loja onde estavam as biclas. Quase que tive tempo para ir a uma "peluqueria" fazer a barba e cortar o cabelo, mas como tinha comido bem ao pequeno almoço, não me entusiasmei com a ideia.

O cepo da roda do Mané estava destruído, e cheio de limalhas metálicas de tanto destruida que estava. O disco além de empenado estava comido e finissimo, coisa que não tinhamos reparado. A solução para o Mané foi deixar lá a roda e comprar uma nova para resolver logo o problema. O Coelho comprou a mochila e a manutenção aos nossos cepos estava feita.


Às 12:00 tinhamos deixado a pensão e estavamos nos correios para fazer uma encomenda com o suporte e alforges do Coelho, juntamente com algumas coisas que tinhamos trazido por precaução e que não iam ser mais necessárias.

O dia foi duro por uma única razão, há hora que normalmente acabavamos a etapa, estávamos a começar. Ou sejam eram quase 13:30 quando saímos de Sabiñanigo em direcção de Senegue para de novo entrar na rota definida. Levámos com o calor todo que o dia nos poderia dar.



A subida ao Pueyo de Escués, foi dificil pelo calor que se sentiu e pela ultima parte do percurso ser demasiado pedregoso e sem possibilidade de ser ciclável. Assim que se iniciámos a descida as coisas simplificaram-se bastante até ao Castiello de Jaca onde fizemos um abastecimento.






De Castiello de Jaca até Aragues d'O Puerto foi sempre em alcatrão com 3 subidas onde se venceu algum desnivel, mas que se fizeram sem problemas.

Chegámos e quase que ficavamos na rua e sem comer. Como começámos tarde, chegámos tarde. O albergue estava fechado para obras e outro estava cheio com uma escursão de miudos. Acabámos por ficar numa pensão de uma senhora idosa, que oficialmente estava fechada, mas que de vez em quando desenrascava quem aparecia na terra. Ao restaurante fomos antes de tomar banho a avisar que não demorariamos a aparecer para jantar.



Foi um dia desgastante. Resolvemos os problemas técnicos e conseguimos não perder o dia que traziamos adiantado. Só não dormimos a habitual sesta à semelhança do dia anterior.


Dia 12 (quinta-feira, 2 de Julho de 2009)

Aragues d'O Puerto - Isaba
Distância: 57 Kms
Acumulado de subidas: 1157 metros
Altitude mínima: 770 metros
Altitude máxima: 1292 metros


Esta etapa foi fácil devido à opção tomada de evitar os senderos que nem sem alforges se faziam a pedalar.

Tomámos o pequeno almoço na rua para não fazer barulho dentro de casa e cerca das 7 da manhã já estávamos a caminho de Urdués por um caminho desagradável, tanto a subir como a descer. Um trilho que só a pé é possivel fazer. Do meu ponto de vista este sendero é escusado por várias razões, não nos leva a nenhum local de particular beleza e serve somente para não fazer alcatrão. Ora quando quase todas as etapas do percurso da transpirinaica têm pequenas percentagens de alcatrão não vejo a o motivo de tão desagradavel sendero. Acho preferivel fazer um pouco de alcatrão mas a pedalar do que andar de bicicleta as costas ou a esmurras as canelas nos pedais.





Para ajudar à festa caí numa das descidas. Já não bastava estar a detestar esta parte do percurso, assim que fui ao chão só me apetecia partir tudo ao meio. Bem ... chegámos a Urdués e propus aos meus companheiros voltar um pouco atrás e apanhar o alcatrão que contorna as encostas por onde passa o sendero e apanharmos o percurso uns quilómetros à frente em Ansó.

Fotografias desta zona onde puxámos pela bicicleta, há poucas. Creio que se pega-se na maquina nesta altura lhe dava com uma pedra em cima ou atirava tudo encosta abaixo.




De Ansó pedalámos até Zuriza, uma pequena e agradável povoação ainda por terras Aragonesas.






Continuámos a subida até ao Puerto de Los Nabarros e entrámos na provincia de Navarra. A entrada em Navarra foi agradavel, a zona de estrada não era movimentada, tinhamos vista sobre o vale e o sendero que apanhamos até Isaba ao lado do rio era bem bonito.





Em Isaba ficámos instalados no Hostal Lola. Estava eu a dormir a sesta quando liga o Pedro que tinha chegado com o Paco. Disse-lhe onde estavamos e lá apareceram eles. Do Mikel não havia noticias, pois no dia anterior já não tinha pedalado com eles.




Dia 13 (sexta-feira, 3 de Julho de 2009)

Isaba - Roncesvalles
Distância: 73 Kms
Acumulado de subidas: 1596 metros
Altitude mínima: 783 metros
Altitude máxima: 1337 metros


Começámos o dia com uma subida infestada de moscas. Nunca tinha visto nada idêntico. Eram muitas, eram rápidas e não nos largavam. Só no passo fronteiriço do Collado Ollokia é que tivemos descanso quando entrámos no bar da pista de ski nordico que ali existe e as despistámos.



Assim que saímos do bar já elas tinham ido embora, provavelmente para fazer o mesmo ao Pedro e ao Paco que saíam mais tarde e que também as apanharam.

Iniciamos a primeira descida em terra para entrar na Selva de Irati. Um magnifico e denso bosque de muitos e muitos hectares repletos de árvores.











Um pouco mais abaixo e ainda dentro desta floresta chegámos ao Pantano de Irabia que contornamos durante uns bons quilómetros. Numa zona do caminho estávamos nada mais nada menos que a 100 metros da França e fomos lá ver como era. Era muito idêntico, só tinha mais nevoeiro.







E como dizia o Pedro no jantar em Isaba, esta etapa ia ser das mais faceis de toda a travessia pois os caminhos eram todos muito bons e apesar do desnivel a vencer, não havia subidas acentuadas. O desnivel a vencer ia-se vencendo aos poucos.




Aos poucos iamos chegando a uma zona conhecida onde alguns de nós já tinhamos passado no Caminho Francês de Santiago de Compostela. Essa minha experiência que a comparo mais a um retiro que propriamente ao BTT, está documentada aqui. A etapa deste dia terminou em Roncesvalles, "pueblo" que estava cheio de peregrinos, muitos deles a começar o caminho.


Quando procuravamos local para dormir, entro num sitio onde se ouvia no interior uma das musicas do cd que mais tocou na minha cabeça durante todos estes dias. Ouvia-se Aria de Yanni. Estava encontrado o local para dormir em Roncesvalles.





Ficámos logo com uma habitação para cinco, pois contávamos já com os companheiros madrilenos que também chegariam a Roncesvalles.


Dia 14 (sabado, 4 de Julho de 2009)

Roncesvalles - Etxalar
Distância: 69 Kms
Acumulado de subidas: 1697 metros
Altitude mínima: 92 metros
Altitude máxima: 1181 metros


O dia acordou muito molhado. De noite choveu bastante que bem demos conta da chuva, e assim que saímos ainda havia uma chuva miudinha que não nos largou durante grande parte do caminho.




Subimos ao Puerto de Ibañeta, mas desta vez não pude contemplar as vistas pois estava um nevoeiro cerrado. Nem mesmo a capela que ali existe a consegui ver. Mais à frente encontrámos sozinho mais um catalão. Este não ia de "espacio" pois começou sozinho e como não foi encontrando gente foi sempre fazendo duas etapas por dia. Era o 8 dia dele a pedalar e ia chegar a Hondarribia ao fim do dia. Acompahou-nos durante a longa descida de 20 Kms e logo de seguida, assim que tirámos os impermeaveis desapareceu no nevoeiro.







A dureza do dia foi para a subida ao Collado Ellorieta, que em 6 Kms venciamos 550 metros por umas acentuadas rampas, que podemos dizer típicas dos pirineus. A chuva também não ia ajudando à festa.


Descemos a Eraztu onde encharcados da cabeça aos pés, entrámos num tasco para comer um bocadillo de tortilha e beber uma pepsi com o prazo de validade expirado à um ano. Pois .... mas só dei conta quando a garrafa ia a meio.













A chuva foi abrandando, mas o nevoeiro esteve sempre presente. E depois de termos subido ao Collado Iñaberri o Coelho teve o precalço mais grave de toda a volta. Numa descida de alcatrão com muitas lombas o quadro de carbono cedeu e desencaixou-se a meio da descida. Para o voltar a colocar no sitio foi um bico de obra com os três na estrada cada um a puxar para seu lado.



Em Etxalar por causa de um passeio a cavalo iamos ficando sem dormida. Na vila estava tudo reservado para eles. Tivemos sorte pois um pouco fora do "pueblo" existia uma casa com 2 quartos livres que deu para nós os 3 e para os 2 que estavam a chegar.





Faltava ainda solucionar o problema da bicicleta do Coelho que ponderava entretanto, fazer o que faltava para Irun por alcatrão. E após várias tentativas de improvisar uma solução para os últimos 45 Kms do dia seguinte chegou-se a esta obra de engenhoquice fiável a 100%. Suspensão sem ar, abraçadeiras a fazer pressão, um cordelino esticado entre dois pontos do quadro e um taco de madeira para bloquear qualquer tentativa de oscilação.


Dia 15 (domingo, 5 de Julho de 2009)

Etxalar - Hondarribia
Distância: 45 Kms
Acumulado de subidas: 1100 metros
Altitude mínima: 0 metros
Altitude máxima: 449 metros


O ultimo dia da transpirinaica.
Desta vez saimos todos juntos. E pela primeira vez, nós os três tomamos o pequeno almoço à hora que ele é servido e só depois é que saímos.






A chuva parecia querer marcar presença, mas só houve a acompanhar-nos um nevoeiro mais denso e humido.



E só após a segunda subida do dia para subir a um Collado antes de descer para a Venta Zahar é que conseguimos finalmente avistar o mar por entre algumas nuvens.





Paco e Coelho

Fronteira

Pedro


Nos 45 Kms do dia de hoje entrámos algumas vezes em França e por lá ainda fizemos alguns quilómetros. A verdade é que mal dávamos conta pois só por vezes viamos os marcos.


Veremos se o branco volta a ser branco


Ainda em França

Assim que entrámos em Irún e ainda antes de ir a Hondarribia, fomos à Renfe comprar os bilhetes para à noite apanhar o comboio Sud-Express para a Guarda. Enquanto que o Paco e o Pedro iam ver dos bilhetes de autocarro para Madrid.


Surpresa das surpresas o comboio já estava cheio. Havia um combio regional para Medina del Campo (perto de Valladolid) que dava ligação com um outro para Salamanca. O Paco e o Pedro não tinham autocarro, mas este mesmo comboio ia para Madrid. Tinhamos um pequeno problema já passava da duas da tarde e o comboio era as 15:17. Tinhamos praticamente uma hora para ir à praia de Hondarribia finalizar a travessia, voltar, lavar o que fosse possivel das biclas e pelo menos trocar de roupa para não sermos impedidos de entrar no comboio.

Começamos a pedalar desalmadamente até Hondarribia. A média nestes 12 Kms de ida e volta foi fora do normal destes ultimos dias. Chegámos à praia tirámos a fotografia e despejou-se a garrafa com água do Mar Mediterâneo que o Mané tinha enchido em Llançà e arrancámos de novo para Irún.

Paco, Mané, eu, Pedro, Coelho

Voltámos a Irún e numa fonte à porta da estação borrifámos as bicicletas com àgua para tirar grande parte da lama. Com um resto de shampoo ainda lavei as pernas na fonte, troquei de roupa e abusei do desodorizante do Mané, para entrar no comboio como se de um hotel viesse. :)

Não havia tempo para mais nada e correu tudo dentro do tempo. Mal entrámos no comboio ele arrancou. Em Salamanca o Coelho mais novo o maçarico do FCP estava à nossa espera para nos levar de volta à Guarda. Obrigado Miguel! Sim que este maluco queria ir buscar-nos a Irún :)

Grande travessia!!!!

Foram nada mais nada menos que 980 Kms percorridos em 15 dias, onde se venceram nada mais nada menos que 25422 metros de desnível.

É sem duvida uma dura travessia. Para a fazer de forma mais autêntica somente carregando a tenda e cozinhar todos os dias o jantar.

O nosso dia a dia basicamente resumia-se a:
- acordar cedo,
- arrancar o mais tardar as 7:00
- fazer paragens com alguma frequência para abastecimento,
- procurar dormida assim que chegavamos ao destino,
- banhos,
- fazer compras para o dia seguinte,
- dormir a sesta (sempre que houvesse tempo),
- jantar,
- telefonar,
- dormir.

Existem duas grandes vantagens em começar bem cedo:
- Fazer grande parte da etapa sem apanhar muito calor,
- Escapar às normais trovoadas ao fim do dia.

Fotos tiradas por mim, pelo Mané e pelo Coelho.

Todas as palavras são poucas para descrever estes 15 dias ...

Obrigado aos companheiros de viagem, obrigado a todos os deram a força e incentivo para este aventura, obrigado .... :)

PS: O track desta volta está publicado aqui, forumBTT.